Os apelos dos Governos de sete países de nada serviram e o Governo islandês, depois de ponderar, optou por manter a decisão tomada pelo anterior executivo que multiplicou por seis a quota de caça à baleia daquele país para 2009.
“A decisão sobre a caça à baleia ficará inalterada para este ano”, declarou aos jornalistas o ministro islandês das Pescas, Steingrimur Sigfusson.
O Governo recorreu a conselheiros jurídicos e concluiu que “o Estado islandês está comprometido pela decisão” do executivo anterior, em relação à qual o actual ministro das Pescas “não pode voltar atrás”, explicou Sigfusson.
No final de Janeiro, pouco antes de abandonar o poder, o anterior Governo decidiu multiplicar por seis a quota da caça à baleia nas águas islandesas, fixando-as em 150 baleias-comuns e até 150 baleias-anãs para os próximos cinco anos.
No entanto, ainda não foi tomada nenhuma decisão para os próximos quatro anos. "Os caçadores de baleias não podem assumir que a decisão tomada pelo anterior ministro permanecerá inalterada para os próximos quatro anos. O Governo pretende monitorizar o progresso das pescas e assuntos relacionados e reserva-se o direito de intervir no caso de alteração das premissas", pode ler-se num comunicado do Ministério islandês das Pescas. Esta reavaliação, que incluirá os efeitos macro-económicos da caça à baleia para o país, vai contar com a colaboração da Universidade da Islândia.
O ministério anuncia também que a legislação sobre a caça à baleia, de 1949, vai ser revista este Inverno, tendo sido designada uma comissão para o efeito.
Serão delimitadas áreas no oceano para a observação de baleias. Nestas áreas será proibida a caça a estes cetáceos. "Esta medida pretende evitar confrontos entre as duas indústrias", explica o ministério.
O novo Governo minoritário, constituído por dois partidos hostis à caça à baleia (social-democratas e Verdes), tinha prometido no início de Fevereiro reconsiderar essa decisão.
Sete países – Alemanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Reino Unido e Suécia – tinham apelado à Islândia para anular a medida, numa carta dirigida a Sigfusson e divulgada ontem.
Em Agosto de 2006, a Islândia desvinculou-se da moratória da Comissão Baleeira Internacional que proíbe, desde 1986, a caça comercial à baleia. Até agora, as quotas islandesas eram de nove baleias-comuns e 40 baleias-anãs por ano.
(AFP, Ecosfera, 18/02/2009)