As cinco comunidades indígenas de Santa Catarina localizadas ao largo da BR-101 devem trocar as casas típicas de pau-a-pique por imóveis de alvenaria ainda neste ano. Espalhadas ao longo de todo o trecho catarinense da rodovia, tanto ao Norte como ao Sul, as comunidades também sofrem com os impactos decorrentes das obras da duplicação e têm pouco tempo para se adequar às mudanças.
O projeto de compensação faz parte de um dos programas socioambientais desenvolvidos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), em convênio com a Fundação Nacional do Índio (Funai), e destinou recursos para a construção de 58 moradias de alvenaria. No total, serão distribuídas 85 novas casas para todas as comunidades indígenas que vivem às margens da BR-101, sendo que 27 estão no território gaúcho.
O investimento é de quase R$ 2, 3 milhões, ou R$ 27 mil a unidade, e faz parte dos R$ 11 milhões repassados pelo governo federal como compensação ambiental das obras de duplicação da BR-101.
Para a comunidade Tekoá Marangatu, no município de Imaruí, no Sul do Estado, está prevista a construção de 20 casas. De acordo com o cacique Inácio da Silva, de 32 anos, no local vivem 25 famílias. No trecho Sul, ainda serão construídas seis unidades no Morro dos Cavalos, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Outras habitações serão instaladas em duas comunidades de Biguaçu e uma de Canelinha.
Os trabalhos começaram no ano passado. Na comunidade de Imaruí, poucas operários trabalhavam nas obras na semana passada. Em geral, as famílias ainda não se adaptaram com as mudanças e recolocação nos espaços de concreto espalhados no terreno de 60 hectares.
– Na verdade, nós gostaríamos de ganhar mais terras. Estamos isolados aqui e não podemos mais usufruir da terra como antigamente para fazer nossas casas e preparar nosso artesanato. Achamos muito melhor as casa de barro, que são fresquinhas no verão e quentes no inverno, além de serem mais de acordo com nosso estilo de viver – explica o pai de Inácio e ex-cacique, Augusto da Silva, de 66 anos.
Novos imóveis terão dois quartos e serão equipadosComo as novas moradias são construídas ao lado das casa típicas e são pequenas, com apenas 67 metros quadrados, muitas famílias, como a de Cecília Silva, de 42 anos, dizem que não vão desativar as construções tradicionais.
Os imóveis de alvenaria que estão em construção vão contar com varanda, dois dormitórios, sendo um para o casal e o outro para os filhos, sala e um sanitário localizado nos fundos da área de serviço, com água encanada, ponto de energia para chuveiro elétrico, vaso sanitário com caixa de descarga parafusada na parede e lavatório.
Além disso, segundo o DNIT, o projeto de compensação ainda prevê fogão a gás, balcão da pia e balcão com quatro lugares para refeições na cozinha; nos fundos da moradia, um fogão a lenha e, ao lado da porta de entrada do banheiro, um tanque de lavar roupas.
(
Diário Catarinense, 19/02/2009)