O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou hoje (18), no Pará, a primeira cartilha bilingüe da etnia indígena Tembé. O material, que faz parte do projeto EducAmazônica, foi formulado em conjunto por líderes, mulheres e crianças indígenas, educadores e especialistas no tema e será usado nas escolas de ensino fundamental dos estados do Pará e do Maranhão, onde vivem os índios dessa etnia.
A publicação, denominada Ténêtéhar (índio) Porangaty (líder mais velho dos Tembés) – Educação Escolar Indígena, Tembé Ténêtéhar, tem cerca de 140 páginas. O conteúdo reúne histórias dos mitos indígenas, descrição do alfabeto fonético, com base na língua tupi e sugestões de atividades pedagógicas para o desenvolvimento da escrita em português e em tupi.
Segundo a educadora Mônica de Araújo Vieira, que trabalha há 10 anos com tribos indígenas, a metodologia empregada será usada como referência na preparação de material didático para outras etnias. Os professores serão capacitados para usar o material com as crianças, tendo como base uma ótica indígena, e não branca. Chega de história de branco. Chegou a hora de mostrar a história deles”, disse Mônica.
O cacique Tibúrcio Timbé conta que os índios se esforçaram muito para produzir o material. “A gente precisava de um livro didático que falasse a nossa língua, mostrasse a nossa realidade. A gente não podia deixar morrer as histórias contadas por nossos ancestrais.”
A população Tembé vive entre os estados do Pará e do Maranhão. No Pará, são 485 pessoas, distribuídas nas terras indígenas de Tembé, Turé Mariquita e Alto Rio Guamá, localizadas nos municípios de Tomé-Açu, Paragominas, Santa Luzia do Pará e Nova Esperança do Piriá. De acordo com a assessoria de imprensa do Unicef, as tribos vivem sob permanente ameaça de violência e invasão de suas terras, cobiçadas por posseiros, madeireiros, fazendeiros e mineradoras.
(Por Lisiane Wandscheer,
Agência Brasil, 18/02/2009)