"Ao mesmo tempo em que clama por direitos humanos, a organização dos sem-terra realiza invasões e depredações de bens particulares e públicos"
A ação do Ministério Público contra os colégios do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) não vai parar aí. Um dos próximos alvos deve ser a escola de formação de professores, em Veranópolis.
Num antigo seminário católico daquela cidade funciona a Escola Josué de Castro, mantida pelo Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra). É uma das tantas organizações de apoio do MST.
Ali, cerca de três centenas de estudantes, filhos de líderes camponeses de diferentes regiões do país, são motivados a enaltecer figuras como Lenin, Fidel Castro e Che Guevara, dedicam parte do dia a entoar hinos de motivação revolucionária e até realizaram um desfile de Sete de Setembro carregando a bandeira da falecida União Soviética, conforme mostrou Zero Hora em 2002.
Nada ilegal nesse procedimento, mas o que os promotores públicos argumentam é que essas escolas são irrigadas com dinheiro governamental. O procurador de Justiça Gilberto Thums, que encabeça uma espécie de cruzada do MP contra o que considera ações ilegais dos sem-terra, está convicto de que o MST usa táticas de guerrilha em suas ações, prega a guerrilha em seus cursos e, portanto, quer a dissolução do Estado de Direito.
Pode não ser tanto assim. É até possível que o MST caminhe para a via legal, institucionalizando-se como partido. O problema é que, ao mesmo tempo em que clama por direitos humanos, a organização dos sem-terra realiza invasões e depredações de bens particulares e públicos. Essa dualidade permite que os promotores públicos enxerguem nos acampamentos e escolas dos sem-terra um risco para a tão falada e pouco compreendida democracia.
(Zero Hora.com, 18/02/2009)