As árvores tropicais cresceram nos últimos 40 anos e agora absorvem 20 por cento das emissões de gases do efeito estufa dos combustíveis fósseis, salientando a necessidade de proteger florestas ameaçadas, disseram pesquisadores britânicos na quarta-feira.
Usando dados colhidos em quase 250 mil árvores de florestas tropicais de todo o mundo nos últimos 40 anos, os cientistas descobriram que as florestas tropicais removem 4,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera por ano.
"Para se ter uma ideia do valor desse 'ralo', a remoção de quase 5 bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera por florestas tropicais intactas, com base nos preços realistas para uma tonelada de carbono, deveria ser avaliado em cerca de 13 bilhões de libras por ano", disse o climatologista Lee White, um dos coordenadores do estudo, em nota.
Os pesquisadores não sabem exatamente por que as árvores estão ficando maiores e absorvendo mais carbono, mas suspeita que o CO2 adicional na atmosfera possa estar servindo como fertilizante.
Embora a natureza tenha dado um subsídio gratuito para lidar com as emissões de carbono, isso não vai durar para sempre, porque as árvores não podem continuar crescendo, disse Simon Lewis, ecologista da Universidade de Leeds, que coordenou o estudo.
"As árvores estão crescendo só um pouco, mas fazem uma grande diferença, porque há muitas árvores e metade da sua massa é carbono", disse Lewis por telefone. "Nosso estudo nos dá mais uma razão pela qual é realmente importante conservar as florestas tropicais."
Uma comissão da ONU estimou que a atividade humana produza 32 bilhões de toneladas de CO2 por ano, mas só 15 bilhões de toneladas efetivamente permanecem na atmosfera e afetam a mudança climática.
O CO2 é um dos principais gases responsáveis pelo aquecimento global. Saber realmente o que acontece com o material lançado na atmosfera ajudará os cientistas a entenderem melhor a mudança climática que ocorrerá no futuro, acrescentou Lewis.
O aumento das árvores foi estimado com base na avaliação da sua massa total --que é composta majoritariamente pelos troncos-- na amostra analisada ao longo de 40 anos. Por causa do crescimento, as árvores absorvem mais carbono e hoje representam cerca de metade do "ralo" terrestre de carbono do mundo, segundo artigo dos pesquisadores na revista Nature.
(Por Michael Kahn, Reuters, Abril, 19/02/2009)