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crise econômica
2009-02-18
Os projetos de geração de energia limpa, como eólica e solar, já começam a sentir o impacto da crise e devem perder o ritmo de crescimento acima de 30% que vinham ostentando nos últimos três anos. A escassez de crédito já afeta as vendas de aquecedores solares e pode frear novos investimentos em energia eólica a partir de 2010.

No campo da energia eólica, até se espera um aumento na eletricidade gerada pelos ventos para este ano. No entanto, a crise já coloca em xeque os investimentos em novas usinas a partir de 2010. No início de 2009, entraram em operação 64 megawatts (MW), em usinas na Paraíba e Ceará. Em 2008, o parque gerador eólico brasileiro somou 341 MW, um aumento de 39% em relação a 2007.

"Esperamos fechar 2009 com um parque gerador instalado de 900 MW", diz Pedro Perrelli, diretor executivo da Associação Brasileira da Energia Eólica (Abeeolica). Segundo ele, um dos fatores que deverão manter o fôlego da energia eólica será o leilão para essa fonte, previsto para este ano.

Apesar do otimismo, Perrelli afirma que a maioria das usinas que estão entrando em operação fazem parte do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), lançado pelo governo federal em 2003. E existe o risco de a crise adiar projetos de usinas a partir de 2010.

O setor de aquecimento solar, que previa crescimento de 30% nas vendas de painéis solares em 2008, também já refez as contas. "Devemos fechar 2008 com aumento de 25% nas vendas, o que está um pouco aquém do esperado", diz Carlos Farias, diretor do Departamento de Energia Solar da Abrava, associação que representa o setor. Para este ano, espera-se crescer 20%.

A indústria começou a sentir os efeitos da crise rapidamente, pois as vendas de painéis solares estão diretamente ligadas ao ritmo da construção civil no País. "Sentimos uma retração nas vendas logo no início do segundo semestre de 2008, o que pode ser um reflexo da diminuição de novas construções."

A redução do crédito para pessoas físicas também afeta as vendas de painéis solares. Além da queda na confiança do consumidor, que prefere adiar investimentos, a crise fez com que bancos que vinham estudando linhas para a compra de equipamentos desistissem ou adiassem esses produtos. "Estávamos em negociação avançada com o Santander e o Banco do Brasil, mas veio a crise e mudou os planos", diz Farias. Atualmente o Real e a Caixa Econômica Federal têm linhas de crédito específicas, com juros de cerca de 60% ao ano.

Tendência
A geração de energia de fontes renováveis atraiu grande número de investidores europeus ao mercado brasileiro. Grupos como EDP, Areva, Fortuny e Siif Energies investiram no País em 2008. "Com a crise de crédito e o preço do barril de petróleo na faixa dos US$ 40, muitos projetos devem ficar em compasso de espera. Mas há uma tendência de se buscar energias alternativas, então no longo prazo elas voltam a ser um bom investimento", diz João Mello, presidente da consultoria especializada Andrade & Canellas.

Com essa perspectiva, o Grupo Zeppini, de São Bernardo do Campo (SP), criou em setembro uma unidade de negócios, a Energia Z, para produzir energia fotovoltaica, fonte pouco explorada no País. Apesar do investimento de risco, a empresa já consegue produzir 10 MW, o suficiente para abastecer sua fábrica. Também vendeu projetos de instalação de painéis fotovoltaicos para três clientes.

(Por Andrea Vialli, Estado de S. Paulo, 18/02/2009)

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