Entrevista: Dionilso Marcon, deputado estadual (PT) ligado ao MST
Zero Hora – Por que as escolas itinerantes devem permanecer abertas?
Dionilso Marcon – A escola itinerante vai aonde estão as crianças. Se forem fechadas, as crianças terão de ir até a escola. O Estado diz que vai dar transporte, o que vai sair mais caro do que é hoje para pagar os professores e as merendeiras das itinerantes. Atualmente, não gastam mais de R$ 20 mil por mês para manter tudo isso. Além disso, as crianças dos acampamentos serão discriminadas nas escolas convencionais.
Zero Hora – Por quê?
Marcon – Porque são acampadas, porque fedem a fumaça, essas coisas. Tenho muito medo de que elas serão discriminadas pelos outros alunos desses colégios por virem de acampamentos do MST.
ZH – O Ministério Público sustenta que há um componente ideológico nas escolas itinerantes.
Marcon – Essa questão de fechar as escolas é da Secretaria da Educação, que não aceita escola funcionando dentro de acampamento. Essas escolas têm currículo conforme manda o Conselho Estadual de Educação. Pedagogicamente, vão tirar a história dessas crianças. Tivemos uma audiência com o MP na quinta-feira passada, mas disseram que não havia muito o que fazer. Ficamos de ver se o movimento fazia um documento, ver se tem algo que caiba na lei.
ZH – O movimento pretende reagir de alguma forma?
Marcon – Estão debatendo, com certeza vai haver mobilização. É um absurdo tirar o direito de estudar das crianças. As crianças não terão aula, porque costumam trocar muito de acampamento. No caso da itinerante, a escola vai junto. Agora, os alunos vão perder o ano letivo. Até chegar a uma nova cidade, fazer a transferência de matrícula, achar local, vão perder um mês, no mínimo. Aí, acaba perdendo o ano letivo, é como ocorria antes da criação das itinerantes.
O deputado estadual Dionilso Marcon, parlamentar egresso do MST, é uma das principais vozes a se levantar contra o acordo entre o Ministério Público Estadual e a Secretaria Estadual de Educação (SEC) para fechar as escolas itinerantes.
(Zero Hora, 18/02/2009)