As escolas itinerantes do MST já começaram a receber visitas de promotores e servidores municipais que levam aos sem-terra o aviso formal de que deverão encerrar as atividades. Em Sarandi, por exemplo, no dia 10 o promotor de Justiça Juliano Griza visitou o acampamento ao lado de representantes do setor pedagógico da prefeitura de Sarandi e do Conselho Tutelar para comunicar a suspensão das lições.
Não houve como estipular o número de crianças afetadas, já que muitas famílias foram assentadas em áreas de São Gabriel e outras estavam em férias.
– Eles ficaram de nos enviar um levantamento – salientou a secretária municipal de Educação, Márcia Beckmann.
O colégio funcionava em um galpão dividido em quatro salas. Com classes e quadros negros, era ali que as crianças da pré-escola até a 4ª série do Ensino Fundamental estudavam. Agora, deverão ser atendidas pela Escola Municipal Padre Luiz Zigna.
Presidente da Comissão de Educação da Assembleia até ontem, a deputada Marisa Formolo (PT) afirma que o fim da educação itinerante trará prejuízo ao ensino. Quando começar o próximo ano letivo, o aluno que mudar de cidade deverá se matricular em um estabelecimento regular.
– Isso vai impedir a formação de laços sociais que estimulam a aprendizagem. Como fazer isso mudando de colégio duas, três vezes por ano? Além disso, há diferenças culturais que não podem ser padronizadas em uma escola urbana – afirma Marisa.
No entendimento do MP, o convênio apresenta maus resultados pedagógicos e não se justifica mais pelo fato de que hoje os acampamentos são menos itinerantes do que antigamente. Além disso, o ensino convencional traria maiores chances de integração social e econômica.
(Zero Hora, 18/02/2009)