O Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal se uniram
para preservar a Reserva Biológica da Mata Escura em Jequitinhonha no
Norte de Minas. Foi proposta Ação Civil Pública contra a União Federal,
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBIO), e Fazenda Nova Suíça, que possui propriedades
dentro da reserva.
A ação pede, liminarmente, que a Justiça determine
ao Ibama e ao ICMBIO, a obrigação de apresentar estudo sobre o processo
erosivo que vem se desenvolvendo no local e comprovar as medidas
implementadas na área afetada, para conter e reparar os danos
ambientais, especialmente aqueles causados ao Córrego do Oratório, que
abastece de água potável a comunidade do Oratório.
Na ação, também é pedido que o Ibama e o ICMBIO demarquem e interditem
área da fazenda afetada pelo processo erosivo e apresente plano de
manejo florestal. Os MPs também requerem que a proprietária da Fazenda
Nova Suíça, suspenda a prática de atividades agropecuárias em um raio
mínimo de 250 metros no entorno das erosões. Caso as medidas sejam
concedidas pela Justiça, os Ministérios Públicos pedem que seja
determinada multa no valor mínimo de R$ 10 mil para cada dia de atraso
nos prazos fixados, a ser paga por cada um dos requeridos.
No dia 12 de fevereiro, o juiz federal Hermes Gomes Filho acatou os pedidos formulados e deferiu a liminar. A União, por meio do Decreto Federal n.º 0-002, de 5 de junho de 2003,
criou a Reserva Biológica da Mata Escura, nos municípios de
Jequitinhonha e de Almenara, com o objetivo de proteger os recursos
ambientais ali existentes. Dentro da reserva, está situada a Fazenda
Nova Suíça, propriedade rural que vem sofrendo degradação ambiental
decorrente de processos erosivos, os quais, atualmente, já se tornaram
voçorocas.
As erosões que tomam conta da Fazenda já atingiram proporções que podem
comprometer não só a sede do imóvel, mas também as nascentes do Córrego
do Oratório, fonte de água potável para a comunidade local. O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por meio da Promotoria
de Justiça da Comarca de Jequitinhonha, tomou conhecimento, no ano de
2004, da deterioração ambiental que vinha sofrendo a Reserva Biológica
da Mata Escura na área delimitada pela Fazenda e, a partir de então,
empenhou-se junto ao Ibama para adotar medidas de contenção das
voçorocas existentes naquela propriedade rural.
No entanto, desde a data de criação da reserva, divergências se
instauraram entre o Ibama e os donos da propriedade, quanto à definição
de quais medidas podem ser tomadas para acabar com a degradação
ambiental na área da fazenda. O Ibama tem conhecimento dos problemas que atingem a Fazenda Nova Suíça
desde o ano de 2004, quando instaurou dois procedimentos
administrativos relativos ao caso, mas, até hoje, o problema não foi
solucionado.
As reservas biológicas são de posse e de domínio públicos,
devendo as áreas particulares, incluídas em seus limites, serem objeto
de desapropriação, medida esta que, se acaso já tivesse sido
implementada, certamente teria dado a contribuição que se espera e se
requer à proteção efetiva da Reserva Biológica da Mata Escura,
afirmaram o promotor de Justiça do Ministério Público de MG Luís
Augusto Rezende Pena e o procurador da República Lauro Coelho Júnior
que assinam a ACP.
(
Ascom MP-MG, 17/02/2009)