As comunidades indígenas e afrocolombianas da região do Atrato Médio Chocoano-antioquenho vão realizar, entre os dias 24 e 28 de fevereiro, uma consulta com os povos para decidir acerca da exploração ou não do Cerro Sagrado Usa Kirrandarra. A consulta será realizada dentro dos Territórios de Reserva e Comunitários de Comunidades negras no Chocoó e vai contar com o acompanhamento de organismos sociais, de direitos humanos, ambientais e internacionais da sociedade civil.
Os povos vão pronunciar-se sobre a implementação do Projeto Mandé Norte da empresa Goldplata Mining Corporation por meio de sua filial na Colômbia, a Muriel Mining Corporation. O governo colombiano concedeu à empresa 16.006 hectares por um período de 30 anos para as atividades de extração de ouro, cobre e molibdeno, nos municípios de Carmen del Darién e Murindó.
De acordo com as comunidades indígenas, após a convocatória dessa consulta no mês de novembro do ano passado, a empresa vem implementando ilegalmente a fase de exploração em lugares sagrados naturais e de tradições espirituais das comunidades. Segundo essas comunidades, a execução do projeto coloca em perigo o território e a sobrevivência dos povos ancestrais e das comunidades.
Os povos da região têm sido vítimas de graves violações de direitos humanos e infrações ao direito humanitário, entre elas, o deslocamento forçado, execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, bloqueio econômico, falsas acusações judiciais.
As atividades da empresa começaram no mês de dezembro de 2008 e já geraram a mobilização de 700 indígenas Emberá-Catío das reservas Guagas, Coredocito, Coredó, La Isla e Chajeradó, localizadas no município de Murindó, em direção aos acampamentos construídos pela companhia próximos ao cerro Careperro, en Carmen del Darién (Chocó).
Representantes da Organização Indígena de Antioquia (OIA) denunciaram que a situação dos indígenas que permanecem na região é bastante delicada, pois estão aglomerados e não contam com alimentos nem água potável suficientes para seu consumo, o que está propagando doenças estomacais e agravando a situação de desnutrição dos mais jovens.
(Adital, 17/02/2009)