As comunidades pesqueiras do Chile estão travando uma batalha contra a Empresa Celulosa Arauco, a Celco. Em comunicado, divulgado no último domingo (15) o Comitê de Defesa do Mar rechaçou as informações apresentadas pela empresa na sexta-feira (13) sobre estudos de impacto ambiental para seu projeto de evacuação dos dejetos da fábrica Valdivia diretamente na baía de Mehuin-Mississipi na Região dos Rios.
Segundo a organização, a entrega desses dados sobre o estudo não é mais que uma tentativa de manipular a opinião pública e esconder as verdadeiras debilidades que incomodam a Celco. "Embora se mencione as informações da consultora Ecometrix, encarregada diretamente pela autoridade meio ambiental, esta jamais realizou estudos nos diferentes lugares da margem costeira, por isso, de nenhum modo, é um referente válido para sugerir a Baía de Mehuin", afirmam.
O comunicado alerta que a empresa Celco se preocupa com os avanços obtidos pelas comunidades mapuche lafquenches da comuna de Mariquina e Valdivia que colocaram em trâmite três espaços marinhos costeiros invocando a lei 20.249 que cria os espaços costeiros marinhos dos povos originários baseados fundamentalmente no direito consuetudinário e nos direitos coletivos.
Os pescadores alegam que a lei 20.249 resolve paralisar qualquer solicitação no mesmo espaço, antepondo-se no direito a favor dos povos originários. Além disso, o tratado internacional 169 ratificado pelo Chile demanda proteger o território e seus recursos naturais do solo e do subsolo: "Portanto, a Celco não tem, nem terá jamais espaço algum para a instalação do duto contaminador em território dos povos originários".
Ao apresentar o projeto de "Sistema de Condução e Descarga ao Mar dos Efluentes Tratados da Fábrica Valdivia", o gerente corporativo de Assuntos Públicos e Responsabilidade Social da empresa, Ivan Chamorro, afirmou que com a apresentação se cumpria com o que foi solicitado por meio da resolução 377 da Corema em 2005, na qual o organismo ordenou à empresa buscar um lugar alternativo de descarga diferente do rio Cruces.
As organizações sociais já lutam há vários anos contra iniciativas como a da Celco. Quase todo o mar do Chile já foi afetado. A apropriação ilegítima e a destruição do território, como no caso das salmoneiras, provocaram danos ambientais nos canais e golfos austrais, que pode ser comparado ao desastre de Chernobyl.
(Adital, 17/02/2009)