O Irã ainda não ajuda os inspetores da ONU a descobrirem se o país manteve um programa nuclear militar no passado, mas Teerã desacelerou a ampliação de uma importante instalação nuclear, disse a agência nuclear da ONU na terça-feira. Falando em Paris, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed El Baradei, disse que o Irã não tem instalado quantidades significativas de novas centrífugas atômicas, máquinas que enriquecem urânio e podem ser usadas para fins militares.
- Eles realmente não têm acrescentado centrífugas, o que é bom - disse El Baradei num evento em Paris. - Nossa avaliação é de que essa é uma decisão política - afirmou, sugerindo que o ritmo de instalação das centrífugas poderia ser bem mais intenso.
Diante das suspeitas ocidentais sobre a finalidade do programa nuclear do Irã, o Conselho de Segurança da ONU já impôs três rodadas de sanções ao país, que no entanto insiste no caráter pacífico e legal de suas atividades. Teerã diz que seu objetivo é gerar eletricidade para fins civis.
No seu último relatório sobre o Irã, em novembro, a AIEA disse que Teerã pretendia começar a instalar outras 3.000 centrífugas no começo deste ano, somando-se a 3.800 que já enriquecem urânio regularmente, e a outras 2.000 que estão sendo gradualmente instaladas. O próximo relatório de El Baradei sobre o Irã deve ser divulgado na quinta-feira.
"Natanz deveria ter 50 mil centrífugas. Nesse momento, tem 5.000", disse ele, acrescentando que o número de centrífugas instaladas não é "significativo".
O Irã permite o monitoramento de suas instalações nucleares, mas El Baradei criticou Teerã por não cooperar com a AIEA no esclarecimento da verdadeira natureza de suas atividades nucleares passadas.
Vários materiais suspeitos foram achados em mais de cinco anos de inspeções, inclusive um documento mostrando como fabricar meias esferas de alumínio, o que poderia ser usado na produção de armas. O Irã diz que nunca usou o plano.
"Não, obviamente não estou feliz com o grau de cooperação...Eles desativaram qualquer cooperação com a agência nos últimos meses", afirmou ele. "O Irã atualmente não está fornecendo qualquer acesso ou qualquer esclarecimento a respeito desses estudos, ou de toda a possível dimensão militar."
(Reuters, Globo, 17/02/2009)