Pescadores da região Sul gaúcha responsabilizam as mudanças climáticas pelas alterações no período da pesca que têm ocorrido nos últimos anos na região. A safra de alguns peixes, que anteriormente variava entre os meses de Fevereiro e Maio, agora já ocorre em Dezembro. No caso da tainha, o período da pesca tem atrasado.
O pescador artesanal Gelson da Silva, de 48 anos, mora na Comunidade da Barrinha, em São Lourenço do Sul (RS) e pesca há 30 anos. Ele relata que como o calor tem sido muito intenso e os invernos não são mais tão frios, os peixes acabam se adiantando ou atrasando. Situação que piora com a concorrência dos barcos de grandes empresas que vêm de cidades vizinhas, como Rio Grande (RS).
"A dificuldade maior que enfrentamos aqui, no período da pesca da tainha por exemplo, é que ela custa a dar, lá de fevereiro em diante. Aí quando vem, chegam muitos pescadores de Rio Grande, desses barcos grandes para a lagoa [Lagoa dos Patos] e leva todo o nosso peixe daqui, já que eles podem pescar em alto-mar. E nós ficamos a ver navio, na beira da praia. O peixe que a gente consegue pegar é pouco", reclama.
Gelson avalia que o preço do peixe também poderia ser melhor. A tainha é comercializada a R$ 2,30 kg e a corvina, a R$ 1,30 kg em média. Para aumentar a renda, muitas famílias se dedicam ao artesanato, fazendo redes. Outras acabam se integrando totalmente à produção, ajudando no corte dos filés.
Somente na Comunidade da Barrinha vivem cerca de 200 pequenos pescadores. A pesca artesanal responde por quase 12% da produção de peixe na região Sul do país.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 17/02/2009)