A adoção de veículos híbridos combinada com o “crescimento inteligente” pode reduzir significativamente os níveis de emissão de dióxido de carbono, aponta um estudo feito na Universidade de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech), nos Estados Unidos.
Por crescimento inteligente os autores apontam cenários em que, por exemplo, os habitantes de uma cidade não precisem gastar tanto tempo – e combustível – no trânsito para se deslocar de casa para o trabalho. E que possam ir de metrô, de bicicleta ou mesmo a pé para o escritório.
A pesquisa, publicada na revista Environmental Science and Technology, aponta que as emissões de automóveis e de caminhões em 2050 poderiam ser reduzidas aos níveis de 2000, mesmo com o aumento da frota, se todos os veículos fossem trocados por modelos híbridos, que funcionam com gasolina e eletricidade.
Automóveis como Toyota Prius, Honda Insight ou Chevy Volt gastam muito menos combustível – portanto emitem menos CO2 – por contar com tecnologia que permite o uso de motor elétrico em baixas velocidades, que é justamente a situação mais comum em cidades com trânsito mais pesado. Quando precisam – e podem – acelerar mais, o tradicional motor de combustão interna entra em cena.
O estudo também destaca que uma densidade populacional duas vezes maior nas principais cidades norte-americanas, em 2050, teria um impacto ainda mais importante nas reduções de CO2 do que a hibridização da frota automotiva.
A pesquisa, coordenada por Brian Stone, professor de planejamento urbano e regional, analisou dados de 11 regiões metropolitanas nos Estados Unidos e realizou simulações para um período de 50 anos, levando em conta o uso de veículos híbridos e diferentes cenários de crescimento urbano.
“Procuramos avaliar duas abordagens para lidar com o desafio imposto pelas mudanças climáticas. O primeiro é melhorar a tecnologia automotiva de modo a torná-la mais eficiente. A questão é que podemos usar menos gasolina e reduzir a emissão de CO2. A segunda abordagem é mudar a maneira como projetamos as cidades, de modo que possamos nos deslocar menos de carro e andar mais”, disse Stone.
O pesquisador estima ser possível a substituição de toda a frota atual por veículos híbridos até 2050, levando em conta a queda no custo dessa tecnologia. Os novos modelos de automóveis híbridos fazem mais de 20 quilômetros por litro de gasolina em uso urbano, em média o dobro dos veículos comuns.
Mas o estudo aponta para a gravidade do cenário atual de emissões de dióxido de carbono. Mesmo com a hibridização total da frota, o resultado não seria suficiente para atingir as metas definidas pelo Protocolo de Kyoto. Segundo o acordo, o objetivo é reduzir em 2050 as emissões para os níveis de 1990, e não os mais elevados de dez anos depois.
Para isso, seria preciso combinar a troca dos veículos com o crescimento urbano planejado. “Se pudermos fazer com que as cidades cresçam de modo mais compacto, o que chamamos de crescimento inteligente, isso ajudaria a reduzir as emissões ainda mais, ao permitir que as pessoas dirijam com menos frequência e por distâncias menores e usem mais o transporte público”, disse Stone.
O artigo "Mobile source CO2 mitigation through smart growth development and vehicle fleet hybridization", de Brian Stone e outros, pode ser lido na Environmental Science and Technology.
(Agência Fapesp, 18/02/2009)