Pelo menos 16 famílias devem receber nesta semana autorização da Defesa Civil de Santa Catarina para voltar para casa, na parte mais alta do Morro do Baú, na cidade de Ilhota (SC). Outras 234 ainda têm que esperar mais um pouco para retomar a rotina - interrompida em novembro do ano passado pelas enxurradas.
O empresário Ademar Martendau perdeu a irmã e a sobrinha em uma avalanche de terra. Apenas escombros restaram da fábrica de conservas de palmito que ele tinha no Morro do Baú. “Como você vê. destruiu a empresa e não tem mais estrada para colocar outra aqui”, diz Martendau.
Ele foi parar em um abrigo junto com os funcionários e, apesar ter perdido a fábrica, pagou o salário de todos. A casa dele ficou para trás, intacta, mas o morro é uma ameaça. “Não volto. Na dúvida não, não vou botar minha família em risco”, diz.
Dos quatro mil moradores do Morro do Baú, 1,5 mil ainda não conseguiram voltar para casa. A situação é mais grave em uma localidade chamada de Alto Baú, a mais atingida pelas avalanches de terra.
No total, 250 famílias viviam no local, mas a área permanece interditada pela Defesa Civil. O acesso ao Alto Baú ainda é precário. Não há energia elétrica. A reconstrução é lenta. ”Qualquer chuva ninguém mais entra, ninguém mais sai”, diz Paulo Drum, da Defesa Civil de Ilhota.
No Braço do Baú, a maior comunidade da região, a situação é diferente. Apesar do cenário, 70% dos moradores retornaram. A economia, baseada na produção de banana e nas serrarias, está sendo reativada. “Ah, mudou bastante coisa. A gente já está produzindo, está trabalhando, já está dando emprego”, declara Gentil Reichert, dono da serraria.
A construção da nova fábrica de conservas de Ademar Martendau vai de vento em popa. Os empregados continuam com ele. Temporariamente, em novas funções. “De embalador de palmito a pedreiros e serventes”, conta um funcionário.
A maioria só pensa em sair do Alto Baú. “Lugar que nasci e cresci e quero ver esse lugar prosperar de novo”, afirma Valdir Fauro, microempresário.
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Agência G1, com informações do Jornal Nacional, 16/02/2009)