Agrotóxicos passam longe das plantações da família Voges. Há 12 anos, os agricultores da Vargem do Rio do Braço, em Santo Amaro da Imperatriz, decidiram limpar suas terras de produtos químicos e ajudar a conservar a natureza dessa área do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Assim nasceu a Associação Ecológica Recanto da Natureza, hoje uma cooperativa que une seis famílias da região, todas adeptas de produtos orgânicos.
Um dos fundadores da associação, Hélio Voges, de 40 anos, vê a ideia como uma mudança de atitude que todos devem seguir a partir da aprovação da proposta do Mosaico de Unidades de Conservação da Serra do Tabuleiro. De acordo com o projeto, a Vargem do Rio do Braço se transformaria em Área de Proteção Ambiental (APA), permitindo o uso sustentável da terra.
– Com a APA eu ficaria mais tranquilo, pois teria leis a seguir. Agora, do jeito que está, não sei o que posso e o que não posso fazer – comentou.
Hélio pertence à quarta geração de Voges naquelas terras. Seu bisavô chegou à região com o filhos pequenos e lá se estabeleceu. Quando era criança, Hélio viu as plantações do pai serem incorporadas ao parque e muitas pessoas saírem da região com medo do que poderia acontecer a partir da mudança.
Esperança é que o êxodo rural diminuaSempre plantando, Hélio disse ter começado com hortas de tomate e usando agrotóxicos. Apenas depois de o irmão ter sido hospitalizado por intoxicação, a família buscou uma outra maneira de sobreviver com a agricultura.
– Fomos atrás de cursos para aprender a plantar sem usar agrotóxicos. Ninguém veio aqui dizer que isso era melhor para a natureza e para a gente. Nós é que fomos atrás – lembrou o agricultor.
Hoje, ele considera a população da Vargem do Rio do Braço consciente sobre a conservação da região e da água que sai dali para abastecer a Grande Florianópolis.
– No início dessa proposta de Mosaico, fiquei preocupado por achar que, com a APA, poderiam surgir projetos imobiliários aqui. Mas, agora entendo que ela pode ser uma solução por determinar leis. Com ela, também podemos acabar com o êxodo rural e arrumar formas de gerar renda dentro da comunidade sem agredir a natureza – concluiu.
Entre as ideias que já surgem ao agricultor estão a expansão do modo de produção orgânico para outros produtores do Rio do Braço, que hoje usam agrotóxicos; a atração de turistas e até a construção de um museu para contar a história da região.
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Diário Catarinense, 17/02/2009)