"A atividade humana está realmente alterando o clima global, mas nós temos que parar de agir como se soubéssemos os detalhes de como isto está acontecendo," afirma o físico Lenny Smith, professor de estatística na London School of Economics e na Universidade of Oxford, ambas na Inglaterra.
Ruídos dos modelos
Segundo Smith, os climatologistas estão lendo "ruídos" dos modelos como se fossem previsões determinísticas. Ele chama de ruídos a atribuição aos dados fornecidos pelos modelos climáticos de uma precisão que eles não contêm.
"Eles estão corretos na história básica do aquecimento global. A alteração climática induzida pelo homem é real. Entretanto, há o risco de que algo importante aconteça que não está previsto nos modelos atuais - e eles não podem nos dar previsões confiáveis do clima para regiões tão pequenas quanto a área de um país, que geralmente são muito pequenos. O fundamental é que os modelos nos ajudam a entender parte do sistema climático, mas isto não significa que eles possam prever os detalhes," disse Smith em uma entrevista à revista New Scientist.
Erros dos modelos
Há três ítens básicos que podem fazer com que os modelos gerem previsões incorretas. A primeira é o desconhecimento das condições iniciais para se fazer a previsão. A segunda é que podemos não conhecer as equações corretas para analisar as mudanças que ocorrem no clima. E a terceira é que podemos não ter o poder computacional necessário para usar as equações que possuímos.
"Suponha que diferentes modelos nos deem simulações para as chuvas em 2060, variando de 20% para menos chuvas até 40% para mais chuvas. A média é um aumento de 10%, mas esse número teria algum valor para os tomadores de decisão? Nós não sabemos como transformar esses números em previsões de probabilidades confiáveis. Talvez nós devamos aceitar que não sabemos os detalhes," diz o pesquisador.
Céticos do aquecimento global
Quando perguntado se ele não teme que as dúvidas que ele lança sobre a confiabilidade dos resultados dos modelos climáticos possam vir a ser usadas pelos céticos do aquecimento global, Smith responde: "Sim, eu temo. A aplicação efetiva da ciência do clima depende da comunicação clara de quais resultados nós acreditamos que sejam robustos e quais não são. Qualquer discussão desses limites pode ser manipulada por aqueles que simplesmente querem causar confusão. Mas não discutir abertamente esses limites pode limitar a capacidade da sociedade em responder [às mudanças] e também comprometer a credibilidade futura da ciência."
Quanto à influência dos problemas que ele levanta, em relação à virtual unanimidade entre os cientistas sobre o aquecimento global e sua origem na ação do homem, o físico afirma que "quando alguém vai muito longe na interpretação dos resultados dos modelos, ele nem sempre passa por uma avaliação adequada [pelos seus pares]."
(Inovação Tecnológica, 16/02/2009)