A nova administração norte-americana de Barack Obama inverteu segunda-feira anos da política do anterior Governo de George Bush, ao exigir um tratado internacional legalmente vinculativo para reduzir a poluição de mercúrio. Mais de cem ministros e mil delegados de 140 países encontram-se reunidos desde segunda-feira, em Nairobi, no Quénia, no Foro Anual do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUE), com o objectivo de encontrar um novo acordo ecológico mundial que permita reactivar a economia sem afectar a natureza.
Na iniciativa, que dura até sexta-feira, Daniel Reifsnyder, que chefia o Departamento do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Estado, afirmou que os Estados Unidos da América (EUA) pretendem que as negociações para limitar a poluição de mercúrio "comecem ainda este ano" e que estas estejam "concluídas nos próximos três".
"Estamos preparados para ajudar a liderar o desenvolvimento de um instrumento global legalmente vinculativo" que controle e limite a utilização de mercúrio, disse o responsável norte-americano, considerando que o problema do mercúrio é "a questão química mais importante a nível global".
Esta declaração representou, segundo o responsável de uma coligação internacional de organizações ambientalistas, "uma viragem de 180 graus" da política seguida, nos últimos anos, pelo anterior Governo dos EUA.
"A administração Bush rejeitava qualquer acordo legal relativo à questão do mercúrio e o Presidente Obama, que assumiu funções há menos de um mês, já é favorável a este acordo global", salientou Michael Bender.
Durante o Foro, prevê-se que seja apresentando um relatório sobre o novo acordo ecológico mundial, como resultado da "Iniciativa para uma Economia Verde", lançada em Outubro pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
Com este documento, a agência da ONU pretende demonstrar o interesse de investir nas tecnologias do ambiente - energias renováveis, gestão dos resíduos, construção, transporte e agricultura sustentável - e insistir na necessária transição para uma economia sustentável em termos de emissões de carbono.
Outro `tema-chave` do encontro será a criação de um grupo de especialistas mundiais sobre a biodiversidade, baseado no modelo do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas da ONU, que, no entanto, encontra resistência de alguns países decididos a preservar sua soberania, como o Brasil e a China.
(Lusa, 16/02/2009)