Os líderes mundiais que vão se encontrar em abril em Londres deveriam dar a largada para um "New Deal Verde" a fim de combater a mudança climática e reconstruir a economia global a partir de uma base sustentável, disse a Organização das Nações Unidas na segunda-feira durante uma importante reunião sobre meio ambiente.
Uma prioridade na agenda dos mais de 100 ministros do Meio Ambiente reunidos no Quênia esta semana será pensar em como chamar a atenção para questões ambientais em meio ao desemprego e o turbilhão financeiro global.
O Programa Ambiental da ONU (Unep, na sigla em inglês) diz que fracassaram os esforços políticos para conter a poluição, proteger as florestas e evitar o aquecimento global e que o mundo precisa aprender com a resposta do presidente norte-americano Franklin Roosevelt à Grande Depressão.
"Estamos diante da realidade sem precedente de que a mudança climática poderá muito bem ser o acontecimento econômico mais importante a ocorrer em Wall Street, nos mercados financeiros ou em nossas indústrias", disse o diretor-executivo do Unep, Achim Steiner, no início do encontro, que ocorre entre 16 e 20 de fevereiro.
"A questão real é: o ambiente pode arcar em ser colocado na fila de espera ou será que isso é parte da solução?" Um relatório da ONU apresentado na segunda-feira na conferência em Nairóbi pediu que os líderes do G20 considerem propostas para um "New Deal Verde" e desenvolvam idéias gerais para garantir um acordo sobre mudança climática global nas negociações em Copenhague em dezembro.
Cientistas ambientais da ONU afirmam que as concentrações dos gases-estufa - que aumentaram cerca de um terço desde a Revolução Industrial - estão alimentando o aquecimento que provavelmente causará inundações, secas, ondas de calor, aumento no nível dos oceanos e extinções. Mais de 190 países concordaram em conversar sobre um novo acordo global até o fim de 2009 para substituir o Protocolo de Kyoto, da ONU, o qual estabelece limites nas emissões de dióxido de carbono para 37 países industrializados.
Steiner disse que enormes quantias para salvar os bancos foram mobilizadas em semanas, mas a resposta para a mudança climática tem sido mais lenta. "Precisamos garantir que trilhões de dólares não sejam gastos por esta geração para salvar sua economia hoje, sem nenhuma resposta para o que a próxima geração, que tem de repagar a dívida, fará em termos de emprego para amanhã", afirmou ele.
(Por DANIEL WALLIS, REUTERS, Estadão, 16/02/2009)