Os oceanos polares não são desertos biológicos. Um censo da vida marinha, divulgado nesta segunda-feira, 16, documenta 7,5 mil espécies nas águas da Antártida e 5,5 mil no Ártico, incluindo centenas que, acreditam os pesquisadores, nunca haviam sido descritas cientificamente. Uma lesma aquática do tamnaho de um grão de feijão, Limacina helicina, ocorre nos dois polos. Imagem: University of Alaska Fairbanks, Census of Marine Life, Russ Hopcroft
"Os livros de ciência dizem que há menos diversidade nos polos que nos trópicos, mas encontramos uma variedade espetacular de vida marinha nos oceanos Antártico e Ártico", disse a pesquisadora australiana Victoria Wadley, que tomou parte no levantamento feito na Antártida. "Estamos reescrevendo os livros". Em uma das maiores surpresas, os cientistas disseram ter descoberto dezenas de espécies comuns a ambos os mares polares, separadas por quase 11 mil quilômetros. Agora, é preciso descobrir como acabaram se separando.
"Provavelmente sabemos mais sobre o espaço profundo que sobre as profundezas dos oceanos polares, no nosso quintal", disse a líder do programa oceânico do grupo ambientalista WWF-Austrália, Gilly Llewellyn. Ela não tomou parte na pesquisa. A maior parte das formas de vida descobertas são invertebrados, animais simples, desprovidos de espinha vertebral.
Pesquisadores descobriram dezenas de espécies de aranhas marinhas grandes como a mão de um ser humano, e minúsculos crustáceos semelhantes a camarões na bacia antártica, vivendo a uma profundidade de 3,8 quilômetros. Esse levantamento é um dos vários projetos do Censo da Vida Marinha, um esforço internacional para catalogar todas as formas de vida dos oceanos. O censo de dez anos, com publicação prevista para 2010, é patrocinado por governos, órgãos da ONU e organizações privadas.
(AP, Estadão, 16/02/2009)