Os australianos prestaram neste domingo, em diversas igrejas, homenagens às 181 vítimas dos incêndios florestais que atingiram o país na semana passada. O governo prometeu criar um sistema de aviso para tentar evitar a repetição do desastre, que consumiu mais de 4.130 quilômetros quadrados.
Os incêndios no Estado de Victoria, o pior acidente natural a atingir o país em mais de um século, deixou ao menos 181 pessoas mortas, número que deve ser ampliado já que ao menos 50 continuam desaparecidos. O fogo destruiu mais de 1.800 casas e deixou 7.000 desabrigados.
Na cidade de Wandong, onde morreram pelo menos quatro pessoas e 150 casas foram destruídas, o primeiro-ministro, Kevin Rudd, fez uma homenagem à comunidade pelos esforços feitos, durante uma cerimônia em memória das vítimas. "Você, como essa comunidade, cheio de coragem, esperança e compaixão, eu cumprimento cada um", disse.
Rudd agradeceu o trabalho do corpo de bombeiros porque puseram o interesse da comunidade na frente de seu próprio. "Temos a intenção de estar ao lado de vocês em cada passo", disse Rudd, acrescentando que o governo ajudará a reconstruir as cidades arrasadas pelo fogo, que já devastou 400 mil hectares e destruiu 1.800 casas.
Autoridades disseram que somente depois de algumas semanas será possível afirmar que os focos de incêndio foram completamente apagados. Controles de incêndio eram feitos ao longo do fim de semana num esforço para impedir que o fogo se espalhasse.
O centro de emergência de Victoria informou neste domingo que oito focos de incêndio ainda estavam ativos, quatro a menos que neste sábado (14/02). Embora alguns ainda produzam um grande volume de fumaça, a temperatura mais fria e ventos mais favoráveis ajudam os cerca de 4.300 bombeiros.
"Podem passar semanas antes que as coisas estejam totalmente sob controle e continuamos em pleno período de incêndios", disse o porta-voz do Departamento de Sustentabilidade e Desenvolvimento de Victoria, Lee Miezis.
O governo prometeu ainda instalar um sistema nacional de alerta para desastres naturais. "Já estamos trabalhando nisso, precisamos mudar a legislação, que será submetida ao Parlamento", declarou a vice-primeira-ministra, Julia Gillard.
A governadora geral da Austrália, Quentin Bryce, representante da rainha Elizabeth 2ª da Inglaterra, assistiu a um ato que lembrava os falecidos nos povoados de Kinglake e Whittlesea, e dedicou o resto do dia a visitar localidades afetadas.
Nos jardins de Fitzroy de Melbourne, a capital de Victoria, 17 igrejas cristãs organizaram uma cerimônia, na qual participaram centenas de pessoas, pelas vítimas e de agradecimento ao corpo de bombeiros, à polícia, aos soldados e aos voluntários que participaram das tarefas de extinção das chamas.
Os incêndios, alguns provocados, começaram no último dia 7 de fevereiro, quando a região sul da Austrália estava há duas semanas sob uma onda de calor sem precedentes.
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Folha Online, 15/02/2009)