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desmatamento florestas tropicais inpe
2009-02-15
O Brasil, com o trabalho do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), tem o mais avançado sistema de vigilância de desmatamento por satélite. Mas como os outros países com florestas tropicais fazem para controlar suas matas?

Em um encontro de especialistas em monitoramento por satélite organizado pelo instituto brasileiro entre 4 e 6 de fevereiro, foram apresentados sistemas e propostas de vigilância para as diversas zonas de floresta tropical do mundo.

O único país com um trabalho sistemático comparável ao do Brasil é a Índia, que faz um levantamento anual de suas florestas por meio de imagens de um satélite próprio. Com 327 imagens de 19 mil quilômetros quadrados, o Serviço Florestal Indiano faz um estudo completo a cada dois anos de todas as mudanças ocorridas na vegetação.

Subhash Ashutosh, diretor da instituição, explica que por meio de programas de computador é feita uma comparação com fotos de anos anteriores, e todos os pontos onde houve alguma alteração são examinados por especialistas. “São pessoas que estão trabalhando nisso desde os anos 80”, conta, ressaltando a experiência de seu pessoal.

Aí vem a grande diferença do sistema indiano para o brasileiro: após a descoberta dos lugares onde a floresta sofreu algum tipo de mudança, é feito um intenso trabalho de campo. Coordenadas de localização são passadas a funcionários locais, que chegam a visitar, ao todo, 2 mil lugares para verificar exatamente o que aconteceu.

O trabalho é demorado. É por isso que, ao contrário do Brasil – que tem dados mensais de desmatamento – a Índia só conclui o levantamento do desmatamento a cada dois anos. Mas isso nem é tão problemático, uma vez que eles não sofrem com a devastação desenfreada e sistemática que ocorre em alguns pontos do Brasil.

Pelo contrário, desde que os indianos começaram a monitorar suas florestas, houve um aumento da cobertura florestal do país de um ponto percentual, chegando a cerca de 21% do território.

“Nosso maior problema é a degradação florestal”, comenta Ashutosh. Trata-se do processo em que a mata fica mais “rala” pela ação de indivíduos que retiram madeira da floresta.

Para controlar isso, o governo iniciou há cerca de 15 anos programas de manejo com comunidades locais, juntando o controle sobre a extração da madeira com as necessidades da população que vive nas imediações da floresta. Segundo Ashutosh, cerca de um terço das florestas indianas está dentro desses programas.

“O Brasil tem o sistema [de monitoramento] mais poderoso do mundo. Nem os países ricos têm um sistema tão poderoso”, comenta Danilo Mollicone, pesquisador do Joint Research Centre, departamento de pesquisa da União Européia. “ Já a Índia tem um sistema muito integrado entre as imagens e o trabalho de campo. Se juntássemos os dois, talvez tenhamos o sistema perfeito”, analisa.

América Central
Na América Central não há monitoramento regular como no Brasil, mas o Centro de Água do Trópico Úmido para a América Latina e o Caribe (Cathalac), sediado no Panamá, realiza pesquisas constantes na região. Só para Belize, o centro já fez mais de 20 estudos de cobertura florestal.

Falta uma checagem em campo, no entanto, como aponta Emil Cherrington, gerente do centro, pois os resultados dessas pesquisas chegam a apontar 20% de diferença no total de cobertura florestal do país. “São resultados um tanto contrastantes”, admite Cherrington.

Para as florestas do Panamá, o objetivo do centro é instituir um programa que faça um levantamento completo a cada cinco anos, além de um sistema de alerta quinzenal, usando a metodologia do Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), do Inpe.

Indonésia
A Indonésia, outro grande detentor de florestas tropicais, tampouco faz monitoramento constante de suas florestas. O principal problema do país é o céu nublado. “A Indonésia fica coberta com nuvens o tempo todo. Até em cinco anos fica difícil mapear todo o país” diz Matthew Hansen, pesquisador da South Dakota State University (SDSU), nos EUA, que fez um mapa do desmatamento no país asiático.

“O mapeamento por amostragem pode ser a saída, pois aí as nuvens não afetam os resultados”. A técnica consiste em escolher algumas partes sem cobertura de nuvens para calcular o desmatamento de forma aproximada.

“Estamos propondo um acompanhamento mais sistemático da cobertura de florestas no pais”, afirma. Segundo Hansen, o ponto mais crítico de desmatamento é na ilha de Papua, e não Bornéu, como costumava ser historicamente.

(Por Dennis Barbosa, Globo Amazônia, G1, 15/02/2009)

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