A chuva pode até voltar a assustar Santa Catarina, mas se o Estado tiver aprendido a lição da tragédia do ano passado, a catástrofe será controlada. Para que isso aconteça, uma das medidas emergenciais é o mapeamento de áreas de risco. A constatação é dos engenheiros da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos (ABMS) que integraram uma base de apoio em Navegantes, no Litoral Centro-Norte, entre novembro e dezembro de 2008.

Durante o desastre, eles vistoriaram áreas de interdição, evacuaram locais de risco e resgataram corpos. O trabalho, feito junto com a Defesa Civil e instituições de ensino, embasou a principal conclusão do grupo: o poder público precisa se preparar para enfrentar situações desse tipo.

– Se não podemos evitar as chuvas, podemos prevenir esse tipo de catástrofe – disse o presidente da ABMS, Jarbas Milititsky.

Em São Paulo, já há um trabalho de monitoramento da Defesa Civil com a ajuda de especialistas de geotécnica. Em Santa Catarina, a prevenção ainda é incipiente, mesmo com alguns avanços conquistados após a tragédia.

– O trabalho da Defesa Civil foi fantástico, mas não existe capacidade técnica instalada para lidar com esse tipo de problema. As nossas universidades já têm competência técnica para essa missão, mas os agentes públicos ainda não estão preparados – lamentou Milititsky.

Chuva causou os 4 mil deslizamentos no Estado
Segundo ele, a prevenção está diretamente ligada ao apoio técnico de especialistas. De acordo com os engenheiros, o excesso de chuvas – 56 dias de precipitação quase ininterrupta – foi o que desencadeou os 4 mil deslizamentos em Santa Catarina.

– As chuvas intensas, muito acima do previsto, foram a causa da tragédia – definiu o engenheiro Edgar Odebrecht.

Os técnicos não negam que fatores sociais aceleraram o poder de destruição da chuva – como as construções e ocupações irregulares –, mas quando indagados sobre uma solução para o problema, tiram o cidadão comum do foco e apostam numa mobilização governamental.

– Se houver novamente uma tragédia desse tamanho, que pelo menos estejamos preparados para enfrentá-la – alertou Milititsky.

(Diário Catarinense, 13/02/2009)