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amianto
2009-02-13
Proibido pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) de divulgar uma campanha em defesa do amianto, o Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC) mantém a tese de que o uso de telhas e caixas d´água de amianto não oferece risco às pessoas.

Em nota enviada à redação na última quinta-feira (6), o instituto contestava uma matéria sobre a proibição do uso de amianto em órgãos ligados ao Ministério do Meio Ambiente, publicada pela Agência Brasil. O instituto pedia um esclarecimento “à população e aos órgãos de imprensa brasileiros” de que o uso de telhas e caixas d´água de amianto não são prejudiciais à saúde humana.

No texto, o IBC afirmava não existir na literatura médica mundial nenhum registro de pessoa que tenha desenvolvido alguma doença associada ao uso de material onde o amianto tenha sido empregado.

Para reforçar a tese de que a exposição ao produto não oferece riscos, o IBC menciona um estudo desenvolvido em 2006 pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo. De acordo com o IBC, o trabalho teria “concluído que as fibras de amianto permanecem amalgamadas ao cimento, não se soltando dessa matéria-prima nem sob as mais severas condições”, razão pela qual seria “necessário tranquilizar a população brasileira”.

Procurado, o IPT informou ter sido contratado pelo próprio IBC para realizar esse estudo, mas explicou que o trabalho tratou exclusivamente de aspectos técnicos referentes à forma como a fibra de amianto se “liga” ao cimento das telhas. O estudo não levou em consideração aspectos relacionados à saúde, “o que não é uma especificidade desse instituto”, garantiu a assessoria. O IPT afirmou ainda que a conclusão a respeito de aspectos relacionados à saúde humana é responsabilidade dos representantes do instituto do crisotila, e não de seus pesquisadores.

Hoje (12), por telefone, a presidente do IBC, Marina Júlia de Aquino, admitiu a existência de estudiosos que sustentam que o amianto pode provocar doenças, principalmente em quem trabalha com o produto. "O interessante é que são os [estudos] mais antigos que falam que o amianto faz mal à saúde, mas isso porque, antes, realmente, havia uma verdadeira epidemia devido ao uso inadequado. De lá para cá, as empresas aprenderam a trabalhar tomando os cuidados necessários, por saber que ele faz mal à saúde [dos trabalhadores]."

Para a auditora-fiscal do Ministério do Trabalho em São Paulo, Fernada Giannasi, o uso indevido de estudos é frequente em meio ao que ela classifica como uma “guerra de informações”. Uma das fundadoras da Rede Virtual-Cidadã pelo Banimento do Amianto na América Latina e da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), Fernanda acusa o IBC de impedir que a população conheça os verdadeiros riscos do amianto ao tentar isentar o produto de riscos.

“Pura manipulação. E a opinião pública fica dividida em meio a essa guerra de informações. É extremamente prejudicial para o país o poder econômico usar a máquina que tem a sua disposição para gerar dúvidas e, assim, evitar que o país tome uma decisão política.”

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o amianto – ou asbesto, como também é conhecida a fibra – pode causar doenças como a asbestose (doença crônica pulmonar que provoca endurecimento do órgão), câncer de pulmão e mesotelioma de pleura (membrana que reveste o pulmão), pericárdio (membrana que reveste o coração) e peritônio (membrana que recobre a cavidade abdominal).

O Ministério da Saúde alegou que ainda está levantando informações sobre o assunto e preferiu não comentar o tema até ter dados conclusivos sobre a existência ou não de eventuais riscos à saúde humana.
A gerente de segurança química do Departamento de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Taís Pitta Cota, afirmou que, apesar de o amianto permanecer preso ao cimento, o risco à saúde existe quando o material é manipulado. “O problema é que, quando uma telha com amianto se quebra ou um trabalhador a perfura, há contaminação pela dispersão [das fibras].

O amianto é comumente encontrado em telhas, caixas d´água e até em pastilhas de freio de automóveis.

(Por Alex Rodrigues, Agência Brasil, 12/02/2009)

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