O desenvolvimento econômico e o progresso devem caminhar em paralelo com a preservação ambiental. Esta frase repetida à exaustão por defensores do meio ambiente parece que tem surtido alguns efeitos positivos.
O desenvolvimento econômico e o progresso devem caminhar em paralelo com a preservação ambiental. Esta frase repetida à exaustão por defensores do meio ambiente parece que tem surtido alguns efeitos positivos. O caso das obras de duplicação da BR-101 Sul é um dos exemplos.
No trecho que passa por Morro Alto, no município de Maquiné, a empreiteira executou nesta quinta-feira a implantação de uma galeria voltada a preservar a fauna que habita a região. Por causa dela, o trânsito de veículos ficou bloqueado na rodovia ao longo do dia. O desvio do tráfego gerou uma cena rara: carros de passeio e caminhões dividindo espaço na Estrada do Mar. Fato que deixou o deslocamento pela rodovia estadual mais lento do que o normal.
A construção da passagem subterrânea na BR-101 tem como objetivo fazer com que os animais silvestres possam transpor a rodovia com segurança, evitando acidentes com veículos. Desta maneira, eles vão passar por baixo, através de um canal com dois metros de altura por dois de largura. Para cruzar a via inteira, foram instaladas 18 aduelas, cada uma com um metro de comprimento.
"Esta etapa é uma exigência do Ibama", conta o responsável pela supervisão ambiental, Rudinei do Rio. O engenheiro florestal diz que a determinação surgiu após a realização de estudos na área. "O levantamento mostrou que os animais utilizam este ponto como passagem para o outro lado da BR". O trecho escolhido fica próximo ao atual quilômetro 80 da BR-101. Para chegar a esta conclusão, os técnicos utilizaram armadilhas como forma de monitorar o deslocamento dos bichos.
O chamado "passa-fauna" subterrâneo terá cerca de 18 metros de extensão. Por ali, devem cruzar espécies de ratão-do-banhado, paca, gato-do-mato, cutia, entre outras. É o único caminho construído exclusivamente para os animais no trecho gaúcho da BR-101 que está sendo duplicado. "Por aqui, há outros que são mistos, por também servirem para o escoamento da água, como é o caso de diversos bueiros", explica Paulo Henrique Fontes, da empresa Bolognesi Engenharia.
O engenheiro destaca que, para direcionar os animais a passarem pela galeria por debaixo da rodovia, será instalada uma tela de contenção. O brete, feito de material galvanizado, terá até 120 metros de extensão. Além disso, a previsão é de que o canal subterrâneo seja tomado pela vegetação futuramente, o que vai favorecer a adaptação dos bichos a este novo caminho como forma de chegar até a lagoa Pinguela.
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Jornal do Comércio, 13/02/2009)