Representantes de cinco organizações indígenas que vivem na Reserva Raposa Serra do Sol e são contrários à demarcação contínua foram recebidos pelo senador Augusto Botelho (PT-RR) nesta quinta-feira (12/02). O grupo pretende que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouçam "outro ponto de vista" e se convençam a adotar o modelo em "ilhas", com convivência pacífica entre agricultores e rizicultores que vivem na região.
- A política indígena deve ser feita de acordo com a vontade dos índios, não de acordo com a vontade de antropólogos e dos chefes em Brasília que vivem no ar condicionado - declarou o senador.
Trinta "tuxauas", líderes das tribos que se organizam em cinco associações e representam cerca de 20 mil índios, foram ouvidos pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello e recebidos no gabinete da Casa Civil. Eles também devem se encontrar com o presidente da Fundação Nacional do Índio, Márcio Meira. Os indígenas se dizem abandonados e isolados, desde que a terra foi demarcada, com queda de pontes e destruição de estradas.
- Aquelas pessoas que gritaram querendo a Raposa, hoje o cuspe volta para cima deles, mas também para cima de nós. Por isso que somos contra a reserva contínua - disse o tuxaua Abel Barbosa.
O grupo pede melhorias nas estradas, educação, saúde e acesso a recursos para investir em mecanização da lavoura, em tecnologia que os levem a ser produtores agrícolas e até exportadores e também auxílio técnico para investir em piscicultura. Os habitantes da reserva também são favoráveis à possibilidade de garimpagem na terra e querem receber royalties a partir da construção da hidrelétrica no Rio Cotingo, no interior da terra indígena, como explicou o indígena Milton Dario, vereador em Uiramutã.
O presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiurr), Silvio da Silva, apontou a importância do bom convívio entre índios e não-índios, e registrou a existência de preconceito contra os indígenas que tem bom convívio com os fazendeiros.
Da reunião, participaram integrantes da Associação dos Produtores Indígenas de Roraima (Apocrion), da Aliança de Integração Para o Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima (Alidcirr), da Associação Regional dos Rios Kinô, Cotingo e Monte Roraima (Arikon) e da Associação Municipal Indígena Guàkrî de Boa Vista (Amigb).
(Por Elina Rodrigues Pozzebom,
Agência Senado, 12/02/2009)