(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
ind. de fosfatados catarinense bunge fosfato
2009-02-13

O chamado “Projeto Anitápolis” das multinacionais Bunge e Yara, sócias da Indústria de Fosfotados Catarinense (IFC), que está sendo licenciado pela Fatma, órgão de licenciamento ambiental do Estado de Santa Catarina, prevê a implantação de um complexo de fabricação do fertilizante Superfosfato Simples Granulado (SSP-G), produzido através da reação química entre o fosfato e o ácido sulfúrico. Além da mina, o empreendimento, localizado na Grande Florianópolis, teria barragens e bacias de rejeitos, área industrial, infra-estrutura e depósito de estéreis.

As principais atividades seriam a mineração a céu aberto; concentração do insumo por flotação (separação via úmida do minério e rejeito); disposição dos rejeitos da concentração fosfórica em duas bacias de decantação; e fabricação de ácido sulfúrico com utilização de enxofre importado, que viria do porto de Imbituba (SC), no sul do Estado.

O investimento total previsto é de R$ 565 milhões, com produção final de 540 mil toneladas anuais do fertilizante SSP-G. O projeto espera gerar 1.250 empregos diretos no pico da obra de implantação; a operação do complexo pretende criar 423 vagas diretas e 1.300 indiretas.

Na audiência pública da quinta-feira passada (05/02), porém, algumas pessoas questionaram a duração e a sustentabilidade desse empreendimento. A mina funcionaria durante 33 anos e, depois disso, Anitápolis deveria encontrar outras alternativas econômicas. Para o ornitólogo e ambientalista Jorge Albuquerque, nenhuma mineração pode ser considerada uma atividade sustentável, já que não é passada para as gerações seguintes.

O projeto do complexo prevê construção no topo e nas encostas da Serra do Rio Pinheiro. Duas barragens com mais de 50 metros de altura represariam a água do rio Pinheiro para formar lagos que receberiam os rejeitos da mineração – depois, ela seria filtrada para poder seguir o seu curso até o rio Braço do Norte.

Essas obras preocupam alguns moradores e ativistas porque ficariam acima da vila de São Paulo dos Pinheiros e da sede do município. “O rio Pinheiro corre por um vale estreito que termina como um pequeno cânion. O vale desce de uma encosta íngreme, atingindo o leito estreito que se afunila antes de atingir o rio Braço do Norte. Pontes são destruídas freqüentemente em Anitápolis após chuvaradas intensas”, escreveu Albuquerque no blog em que divulga uma campanha contra o empreendimento.

“O desmoronamento das barragens do Projeto Anitápolis em uma chuvarada como a que aconteceu em Santa Catarina [em novembro de 2008] colocaria em risco imediato as pessoas que moram no município”, acrescenta. As fortes chuvas que mataram 135 pessoas no estado no ano passado também atingiram Anitápolis, provocando deslizamento de barreiras e desmoronamentos de estradas.

“Eu fiz uma pergunta por escrito na audiência: entre 1960 e 2008 aconteceram mundialmente 86 acidentes com barragens de mineração. Existem garantias absolutas? Como pensam em controlar as chuvas? Como vão lidar com as mudanças climáticas?”, conta o fotógrafo Luhk Zeller.

“O consultor das barragens começou um discurso técnico, aí perguntei como vão lidar com as mudanças climáticas. A resposta foi: ‘não sabemos’. Falei que se trata de uma questão de vida e morte. Então, se não sabe, não faz”, acrescenta Zeller, que mora em Florianópolis, traduz textos sobre assuntos relacionados ao projeto da associação Bunge-Yara e os envia para pessoas e entidades do exterior.

“Creio que o consultor não estava seguro de que as barragens propostas pelo Projeto Anitápolis suportem uma chuva similar a que caiu em novembro de 2008, ou durante a enchente de Tubarão nos anos 70”, analisa Jorge Albuquerque. “São muitas as testemunhas da enchente de Tubarão que narram o terror que cobriu Anitápolis naquela época. As chuvas foram muito fortes e intensas nas cabeceiras do rio Braço do Norte [que deságua no rio Tubarão]”.

Uma moradora da vila São Paulo dos Pinheiros, Rachel Back, questionou a segurança das barragens e perguntou se os representantes da Bunge e da Yara topariam morar lá se o complexo de mineração fosse construído. Eles desconversaram.

Procuradora da República em SC diz que projeto não é viável
Durante o debate, o presidente da filial brasileira da Yara, Lair Vianei Hanzen, afirmou que só levaria o projeto adiante se não houvesse risco, na tentativa de acalmar o público. A procuradora da República em Santa Catarina, Analúcia Hartmann, contestou esse comentário e disse que não existe projeto sem risco.

Hartmann também falou, na audiência, que o Ministério Público Federal está preocupado com o transporte de enxofre na BR-101, que virá do porto de Imbituba, e com a capacidade da BR-282 em suportar o tráfego pesado.

Sua preocupação maior, contudo, são os desastres ambientais, como os que ocorreram em SC no ano passado. Única integrante da mesa da audiência a falar sobre isso, ela afirmou que, se fosse decidir pela viabilidade da fosfateira hoje, diria “não” em função das incertezas do projeto e dos últimos desastres no Estado.

(Por Rodrigo Brüning Schmitt, Ambiente JÁ, 13/02/2009)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -