Docentes de diferentes unidades da USP em Piracicaba, Ribeirão Preto, São Carlos e São Paulo juntam-se na inauguração de um novo programa de pós-graduação internacional. A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em parceria com outras unidades da USP e mais duas universidades norte-americanas – a Rutgers (The State University of New Jersey) e a Ohio State University –, lança curso que formará doutores interessados em estudar biologia celular e molecular vegetal.
A docente da Esalq Helaine Carrer, uma das coordenadores do programa, mostra-se entusiasmada com o pioneirismo do curso. Nele, cada pós-graduando terá dois professores-orientadores – um no Brasil e outro nos EUA – e receberá diploma duplo, nacional e internacional. Além disso, o doutorando terá de passar um tempo mínimo de seis meses no exterior para produzir seus trabalhos. Ou seja, o pesquisador de uma das duas instituições dos EUA terá de vir para a USP, e o aluno da USP passará, obrigatoriamente, um período em uma das duas universidades americanas.
Segundo a coordenadora, o duplo diploma trará grande prestígio aos pesquisadores. Ao mesmo tempo, a parceria com instituições estrangeiras será vantajosa para a USP, pois isso traz um reconhecimento bastante grande à instituição. “O programa mostra que essas universidades reconhecem os professores da USP e vice-versa.”. E ela garante: tanto docentes como doutorandos obterão grande “renovação científica”. “Queremos formar líderes acadêmicos e científicos”, afirma.
Para Helaine, a proposta inovadora está servindo como modelo para outros programas de pós-graduação. Além da vertente internacional, a inovação do programa está na grande carga interdisciplinar que ele comporta, uma tendência na academia. “Cada vez mais a ciência enxerga que ela é interdisciplinar”, reflete. Junto com a Esalq, de onde partiu a iniciativa para a realização do programa, estão o Instituto de Biociências (IB), o Instituto de Química (IQ) e o Instituto de Matemática e Estatística (IME), do campus da USP na Cidade Universitária, em São Paulo. Dos campi da USP no interior vêm o Instituto de Física de São Carlos (IFSC) e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP).
Em comum, os professores dessas diferentes unidades têm uma “produção científica elevada na área de biologia celular e molecular vegetal”, diz Helaine. O programa fará com que esses docentes, com linhas de pesquisas que se cruzam, trabalhem mais próximos um dos outros. Eles se juntam a docentes de Ohio e Nova Jersey, os quais, segundo a coordenadora, são “bastante reconhecidos na área de plantas em agricultura”.
História longaA parceria entre as três universidades já existe há alguns anos, mas de maneira discreta. Docentes de diferentes unidades da USP interagem com professores da Rutgers e da Ohio State University com colaborações em pesquisas. Agora, esse intercâmbio é aprofundado com o programa de pós-graduação, mais abrangente, interdisciplinar e com a participação de alunos (antes a interação era apenas entre professores). “Começamos a pensar em aprofundar [esse intercâmbio] e colocá-lo de forma mais institucional”, diz a coordenadora.
A estrutura do curso engloba quatro diferentes linhas de pesquisa: genética molecular e desenvolvimento; filogenia molecular e evolução de plantas; metabolismo e fisiologia do estresse vegetal; genômica vegetal e bioinformática. O aluno que participar do programa vai receber título de Doutor em Ciências – Programa Internacional Biologia Celular e Molecular Vegetal. A duração total dos dois cursos é de 48 meses para doutorado e de 60 para doutorado direto (para quem não fez mestrado). Os pesquisadores deverão ter proficiência na língua inglesa (no caso de brasileiros) e portuguesa (para estrangeiros). O programa se inicia nesse ano, após rigorosa seleção de doutorandos, que começa na semana que vem.
Mais informações no site da
Esalq.
(Por Saulo Yassuda,
USP online, 12/02/2009)