Cientistas italianos descobriram um rio subterrâneo que corre por baixo de Roma, com maior extensão do que a do Tibre, e que pode servir para produzir energia geotérmica, já que sua temperatura média é de 20ºC.
Segundo informa nesta terça-feira (10) o jornal Corriere della Sera, a equipe do vulcanólogo e geoquímico italiano Franco Barberi reconstruiu o curso do rio graças à prospecção de mais de 200 poços ao longo da capital italiana.
"O Tibre esconde, sob seu leito, um enorme rio subterrâneo, completamente separado, que pode ser utilizado como fonte de energia geotérmica para aquecer e esfriar grande parte das casas da capital, com uma notável economia de combustível e redução da poluição", afirmou Barberi.
Entretanto, o cientista ponderou que não se deve imaginá-lo como uma caverna sob a cidade, mas que se trata de "um fluxo de água subterrânea que corre entre o cascalho e a areia do antigo curso do Tibre, fechado, acima e abaixo, por duas camadas de terra impermeáveis".
Sua extensão é muito maior do que a do rio superficial, já que tem, inclusive, centenas de metros de cada lado.
As amostras extraídas e analisadas pela equipe de cientistas indicam que a água do rio subterrâneo, situado entre 30 e 60 metros abaixo do nível da cidade, tem ph neutro e não apresenta contaminações, enquanto sua temperatura, que oscila entre 18ºC e 21ºC, tem a possibilidade de ser utilizada para produzir energia geotérmica, segundo os pesquisadores.
Embora no passado este tipo de energia tenha se extraído de águas termais, mais quentes, os pesquisadores afirmam que hoje já existe tecnologia para usar águas com menos de 20ºC, como já se faz com sucesso na Suécia e em outros países do norte da Europa.
A equipe espera agora que empresas entrem em contato com eles para desenhar "protótipos" para a instalação de bombas que extraiam o líquido do rio.
O presidente do Instituto Nacional de Geologia e Vulcanologia, Enzo Boschi, afirmou que Roma pode alcançar assim "a independência dos hidrocarbonetos, convertendo-se na capital mais limpa da Europa".
Além disso, a capital italiana poderia se proteger contra futuras crises de gás entre Rússia e Ucrânia e os desabastecimentos que elas causam à Europa.
(Ambiente Brasil, 11/02/2009)