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2009-02-12

Se Charles Darwin pudesse dar uma festa hoje, por ocasião de seus 200 anos, o nome do alemão Fritz Müller (1822-1897) certamente estaria entre os convidados. O naturalista, que vivia em Santa Catarina, foi o primeiro a testar em campo, e aprovar, as ideias lançadas por Darwin sobre a evolução dos seres vivos em 1859, história que começou a ficar mais clara na última década.

"Müller, pode-se dizer tranquilamente, foi o primeiro a criar uma filogenia [história evolutiva das espécies] séria, com base no estudo exaustivo de material vivo, ao contrário das especulações meramente teóricas e fantasiosas, como as feitas por [Ernest] Haeckel", escreve o zoólogo Nelson Papavero em seu livro "A Recepção do Darwinismo no Brasil".

À Folha, o pesquisador do Museu de Zoologia da USP foi categórico. "Müller salvou a teoria do Darwin, que tinha acabado de surgir e vinha sendo muito atacada." Papavero lamenta o fato de Müller ser um tanto desconhecido, até entre cientistas brasileiros.

A amizade entre Darwin e Müller, que nunca se viram pessoalmente, surgiu a partir da leitura que o naturalista inglês fez da obra de Müller intitulada "Para Darwin", em 1865. O livro fora escrito dois anos antes em Desterro, atual Florianópolis. O "Origem das Espécies" é de 1859. A troca de cartas entre ambos durou até 1882, quando Darwin morreu.

Garras da evolução
Para testar em campo a evolução, Müller escolheu o grupo dos crustáceos. Afinal, eles eram abundantes na região de Florianópolis, onde ele trabalhava como professor. Além disso, eram bem conhecidos e fáceis de criar em aquários. O último parágrafo da obra, escrita originalmente em alemão, é simbólico: "Espero ter conseguido convencer os leitores de que realmente a teoria de Darwin tem, como para tantos outros fatos sem ela não explicados, também a chave da interpretação para o desenvolvimento dos crustáceos".

O autor continua: "Que as falhas dessa tentativa não sejam jogadas sobre o plano pré-construído pela mão segura do mestre, que sejam jogadas unicamente sobre a incapacidade do operador, que não encontrou o local exato de cada ferramenta". Para Papavero, foram muitas as contribuições de Müller à teoria darwinista.

Seu único livro publicado em vida (outros foram editados após sua morte), "desenvolvido em ambiente primitivo, sem biblioteca adequada, equipamentos e recursos, tornou-se um marco para a consolidação da teoria de Darwin".

Para Müller, por exemplo, a seleção natural explica o fato de os machos do gênero Tanais (crustáceo que vive sob a areia) terem duas formas anatômicas. Um grupo de machos apresentava pinças grandes e um certo número de filamentos olfativos. No outro grupo, as patas eram pequenas, mas o número de filamentos para o olfato aparecia em quantidade enorme.

Segundo Müller, a variação dos machos privilegiou os grupos dos preensores e o conjunto dos animais com olfato mais desenvolvido. Mas ele foi além.

A luta pela sobrevivência entre os dois grupos estava sendo muito mais fácil para o grupo dos que tinham as pinças grandes. Na contabilidade de Müller, ao contar os crustáceos de Florianópolis, havia cerca de cem indivíduos do grupo dos preensores para apenas um representante do grupo de olfato aguçado e patas pequenas.

E Müller observou outra evidência da evolução. Descobriu que os chamados crustáceos superiores, como o camarão, também possuem uma fase embrionária chamada náupilus. Cientistas a conheciam apenas em crustáceos inferiores, e isso era problema para a teoria de Darwin. Se todo o grupo evoluiu desde um mesmo ancestral comum, todos os crustáceos deveriam passar ter as mesmas fases embrionárias -assim como Müller atestou.

(Por Eduardo Geraque, Folha de S. Paulo, 12/02/2009)


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