Depois do recorde de consumo registrado em outubro, quando a demanda diária chegou a 37,8 milhões de metros cúbicos de gás destinado ao segmento não-térmico (que exclui o gasto das termelétricas a gás natural), o consumo nacional caiu nos meses seguintes, devido à crise financeira internacional. Com isso, a Petrobras reduziu de cerca de 30 milhões de metros cúbicos por dia para cerca de 20 milhões a importação do gás boliviano.
Em novembro, o consumo nacional de gás para segmentos como o industrial, o automotivo e o comercial ficou em 35,5 milhões de metros cúbicos diários, caindo para 29,3 milhões em dezembro e para 28,9 milhões de metros cúbicos por dia em janeiro.
As informações foram dadas hoje (10) pela diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, ao anunciar investimentos de US$ 10,6 bilhões na área entre 2009 e 2013. Ela disse que, apesar da retração, já é possível captar agora em fevereiro um aumento da demanda, embora a média diária ainda esteja em torno de 30 milhões de metros cúbicos por dia.
“O que está acontecendo agora nos últimos meses é previsível e vai acontecer sempre: houve arrefecimento do consumo não-térmico, principalmente o não-industrial em razão da crise e da abundância de chuvas”, afirmou Graça Foster. Segundo ela, a Petrobras vem fazendo remanejamentos e segurando a produção nos campos onde o gás não é associado ao petróleo.
Graça Foster disse que a demanda ficará novamente aquecida a partir de abril, quando começa o chamado período seco, e a estatal volta a despachar gás natural com mais intensidade para atender as termelétricas. De acordo com a diretora da Petrobras, esse período vai até novembro.
“É sempre bom lembrar que o mercado brasileiro de energia é um mercado hidrotérmico e que teremos de atender o termo de compromisso assumido com a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], que prevê exatamente um despacho maior para atender a geração térmica a partir do gás natural”, explicou Graça Foster.
Ela disse que a Petrobras vem trabalhando com o objetivo não só de fortalecer a liderança da companhia no mercado brasileiro de gás natural, mas também de conquistar cada vez mais espaço no mercado internacional e na ampliação do segmento de geração energia elétrica provenientes das usinas térmicas a gas natural.
“A meta é flexibilizar cada vez mais o segmento para que possamos agregar valor ao nosso produto e ganhar mercado. Podemos até, em determinado momento, exportar gás como forma de obter retorno para os negócios com o produto”, afirmou.
(Por Nielmar de Oliveira,
Agência Brasil, 10/02/2009)