Mesmo com as recentes descobertas de gás na área do pré-sal, a Petrobras não trabalha com a possibilidade de descartar o gás natural importado diariamente da Bolívia para complementar as necessidades internas do país.
A afirmação foi feita hoje (10), no Rio de Janeiro, pela diretora de Gás e Energia da estatal, Maria das Graças Foster. Para ela, o Brasil é absolutamente dependente do gás boliviano, mesmo com a possibilidade da entrada em operação dos dois terminais de GNL (gás natural liquefeito), localizados na Baía de Guanabara e em Pecém (PE), que acrescentarão mais 21 milhões de metros cúbicos do combustível por dia ao mercado interno.
“Eu considero absoluta a nossa dependência do gás da Bolívia. Nós somos dependentes dele mesmo com os dois terminais de liquefação que temos. Na hora em que as térmicas entram [em operação], elas entram puxando tudo. E eu preciso dos 31,8 milhões de metros cúbicos dia importados da Bolívia”, afirmou.
Maria das Graças Foster informou que, a partir de 2014, a Petrobras vai sentar à mesa com os representantes bolivianos para começar a negociar as bases de um novo contrato de fornecimento de gás, embora o atual ainda esteja em vigência e garanta o produto ao mercado brasileiro até 2020. A executiva vê a presença do combustível boliviano no cenário brasileiro mesmo num horizonte que ultrapassa esse período.
“Ele é importante, fundamental, e quando eu olho para 2020 eu não consigo imaginar a nossa economia sem o gás Boliviano. Podemos ter um prêmio exploratório fantástico, fazendo prospecção em novas fronteiras, com um volume de gás excepcional, mas isso ainda não foi anunciado e agente não chegou nem perto dessa possibilidade”.
Para Maria das Graças, quando das negociações em torno de um novo contrato de fornecimento de gás, tanto o Brasil quanto a Bolívia serão outros. Para ela, o país já estará desfrutando de uma outra condição energética, o que dará a ele maior maturidade nas negociações.
“Nós vamos começar a negociar um novo contrato, em novas bases, já com o Brasil desfrutando de uma outra condição energética e que tem uma outra maturidade em relação ao gás. São dois países que amadureceram e que vão saber valorizar aquele bem que dispõem – tanto do ponto de vista de quem produz como de quem importa”, avaliou.
(Por Nielmar de Oliveira,
Agência Brasil, 10/02/2009)