O 4º Censo de Reciclagem de PET no Brasil, divulgado em outubro do ano passado, mostra que o Brasil já consegue levar às recicladoras metade das garrafas consumidas no país. Entre 2006 e 2007, o setor registrou um incremento de 19,1% no volume reciclado, com 231 mil toneladas de garrafas PET destinadas de forma ambientalmente correta.
O censo ouviu 468 empresas, entre recicladores e aplicadores - os compradores da matéria-prima para sua transformação. A maioria das recicladoras têm mais de cinco anos e processa, em média, de 100 a 500 t/ mês.
O principal destino dessas garrafas, após moídas e reprocessadas, continua a ser a indústria têxtil, em sintonia com o que ocorre em outros países. Cerca de 40% do material foi transformado em fios e fibras de poliéster - duas garrafas de dois litros são o suficiente para fabricar uma camiseta, por exemplo. Mas o produto também foi destinado para fabricação de chapas, cordas, vassouras, filmes, novas garrafas e carpetes e tapetes para carros.
A preocupação, porém, é com a obtenção da matéria-prima. É isso que segura o setor, diz a Associação Brasileira da Indústria de PET (Abipet). "Por incrível que pareça, falta PET para reciclagem no mercado. O maior gargalo é recuperar a garrafa", diz Auri Marçon, diretor da associação.
A pressão irá aumentar porque a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em 2008, regulamentação que permite o uso de PETs recicladas na fabricação de novas garrafas no país.
Pelos cálculos da Abipet, o setor seria capaz de reciclar imediatamente - sem que novos investimentos fossem necessários - um volume até 30% superior ao atual. Mas para isso seria necessária uma política nacional que impulsionasse a reciclagem. Segundo dados oficiais, menos de 5% dos municípios brasileiros possuem atualmente um serviço de coleta seletiva.
(Por Bettina Barros,
Valor Econômico, 11/02/2009)