A notícia de que a Vale vai insistir no projeto de instalação de uma usina siderúrgica no Espírito Santo deixou o Fórum das Entidades do Sul ainda mais alerta. O assunto será pauta de uma reunião que será realizada nesta segunda-feira (9), que também debaterá os impactos da 4ª usina da Samarco. Os moradores não abrirão mão das questões ambientais.

Segundo Ilda Freita, do Programa de Apoio e Interação Ambiental (Progaia), o fórum está aproveitando o momento de crise para acompanhar o que vem sendo feito na região, como é o caso da nova proposta da Vale. Para a ambientalista, independente do projeto apresentado pela empresa, o que inclui o estudo sobre sua localização, é consenso entre o Fórum das Entidades do Sul que os moradores vão lutar para garantir a preservação da água e do Monte Urubu e seu corredor ecológico.

O assunto é tema de reunião do fórum que será realizada ainda nesta segunda-feira (9), em Anchieta, com o Ministério Público Estadual (MPES). A construção da 4º usina da Samarco também é pauta do encontro. A intenção é evitar os mesmos erros ocorridos com a construção 3º usina da empresa, como a mobilização de trabalhadores do fora do Estado, que fugiu do controle; a ocupação de áreas turísticas e problemas de saúde, entre outros.

Depois de desfeita a parceria com a chinesa Baosteel, que não se instalou no Estado devido aos inúmeros impactos ambientais, a Vale agora anuncia o desejo de dar sequência ao projeto e que assim que concluído, irá atrás de um novo parceiro.

Na antiga parceria entre a Vale e a Baosteel estavam previstos investimentos de R$ 12,3 milhões para uma usina com capacidade de produzir cinco milhões de toneladas ano de placas de aço, que não foi concluído devido aos inúmeros impactos ambientais e sociais, como justificou o próprio governo estadual.

“O governo anunciou que Anchieta não comportaria aquele porte de empreendimento, devido aos impactos que iria gerar. Não foi a Baosteel que desistiu, nós questionamos e os impactos ficaram claros e, por isso, os chineses tiveram que se retirar. Agora a Vale fala que vai procurar um novo parceiro, como se ela tivesse desistido. Espero que nos contem a verdade sobre o que vem por ai”, ressaltou Ilda.

A Vale não divulgou o tamanho do empreendimento que pretende instalar no Espírito Santo, nem sua localização, apenas diz que será em moldes diferentes da Baosteel. Mas adianta que tem apoio do governo do Estado para dar continuidade ao projeto.

(Flavia Bernardes, Século Diário, 10/02/2009)