O interesse em aumentar a implantação de termelétricas em todo o País, como tem ocorrido no governo Paulo Hartung, vem sendo criticado veemente entre os ambientalistas. Para o Greenpeace, a medida mostra o desinteresse dos governos com a geração de energia limpa. No Estado, os incentivos para as termelétricas já chegaram à ordem de R$ 1,2 bilhão.
A medida segue na contramão da luta ambiental, à medida que contribui para o aumento da emissão de CO2 na atmosfera. No Brasil, a previsão é que as novas termelétricas lançarão na atmosfera 39,3 milhões de toneladas de CO2 em 2017, um aumento de 172% em relação a 2008.
No Estado, estão previstas a instalação de oito termelétricas vencedoras dos Leilões de Energia Nova, realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As usinas devem iniciar as operações entre 2011 e 2013. A primeira a ser implantada será a Linhares Energia, no município de Linhares, norte do Estado. Colatina também deve receber quatro empreendimentos desse tipo.
Entre os ambientalistas, a opinião é uma só. Para eles, as queimadas são as que mais contribuem para o efeito estufa, mas o crescimento do setor termelétrico será mais do que suficiente para eliminar os ganhos ao meio ambiente com a adoção do biodiesel, por exemplo.
Ao todo, o número de térmicas com contrato de fornecimento no País, saltará de 14, em janeiro de 2008, para 63 em janeiro de 2013. Com isso, as emissões devem subir de 186 mil toneladas para 4 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
E a previsão é ainda pior. Segundo o Plano Decenal apresentado pelo governo federal, o uso de termelétricas movidas a óleo combustível deve passar de 0,9% para 5,7% e a energia gerada por térmicas a carvão vai passar de 1,4% para 2,1%.
O Greenpeace alerta que energias renováveis são viáveis do ponto de vista ambiental, econômico e social, e lembrou a necessidade do governo ter um compromisso sério com a energia de matriz limpa, começando por uma política industrial que a incentive.
Sem isso, ressaltam os ambientalistas, o Estado poderá entrar na lista dos grandes contribuidores da emissão de CO2 na atmosfera.
Além de liberar benefícios para a construção desses empreendimentos, o Espírito Santo beneficia usinas elétricas, inclusive a óleo diesel, com a ausência de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), dispensado devido à pressa para viabilizar a participação das empresas no leilão de energia, por uma resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema).
As usinas a óleo diesel são altamente poluidoras, e emitem enxofre, entre outros poluentes. Algumas empresas, além de receber a licença prévia, receberam recursos do governo Paulo Hartung, através do Invest-ES, com juros irrisórios e longos prazos para pagamento.
A resolução do Consema é de 9 de Julho de 2008 e é deliberação da sua 2ª• Reunião Extraordinária. A resolução foi aprovada, considerando que é a energia elétrica fator importante para o desenvolvimento econômico e social do Estado. E ainda que a geração em território capixaba é de aproximadamente 33% do total da energia elétrica requerida, o que confere uma grande dependência da energia elétrica do sistema interligado.
Usinas beneficiadas com a resolução
Usina Termelétrica, Serra, CEPEMAR, 148 MW, óleo; Usina Termelétrica, Serra, CEPEMAR, 148 MW, óleo; Usina Termelétrica de Itapemirim, CEPEMAR, Itapemirim, 148 MW, óleo; Usina Termelétrica Linhares Cacimbas, Pronativa, Linhares, 130 MW, óleo; Usina Termelétrica Nova Venécia II – Pronativa, Nova Venécia, 200 MW, óleo; Usina Termelétrica Iconha – Pronativa, Iconha, 200 MW, óleo.
Usina Termelétrica João Neiva – Pronativa, João Neiva, 330 MW, gás natural; Usina Termelétrica Nova Venécia I – Pronativa, Nova Venécia, 200 MW, óleo; Usina Termelétrica Anchieta I – MPE, Anchieta, 250 MW, gás natural; Usina Termelétrica Anchieta II – MPE, Anchieta, 350 MW óleo; Usina Termelétrica Cauhyra I – Hexagonal Construções, Cariacica, 148 MW, óleo; Usina Termelétrica Cauhyra II – Hexagonal Construções, Cariacica, 148 MW, óleo OCB1.
Usina Termelétrica Doce I – Global Engenharia, Colatina, 174,6 MW, óleo OC1B; Usina Termelétrica Doce II – Global Engenharia, Colatina, 174,6 MW, óleo OC1B; Usina Termelétrica Doce IV – Global Engenharia, Colatina, 174,6 MW, óleo OC1B; Usina Termelétrica Doce III – Global Engenharia, Colatina, 174,6 MW, óleo OC1B.
Usina Termoelétrica Jaguaré – Cepemar, Jaguaré, 175 MW, óleo OCB1 e gás natural; Usina Termelétrica Tubarão – STEMAC Energia, Viana, 148 MW, óleo; Linhares Energia I Ltda, Linhares, 200 MW, gás natural; Linhares Energia II Ltda, Linhares, 242 MW gás natural; Linhares Energia III Ltda, Linhares, 302.5 MW, gás natural.
Usina Termelétrica Escolha – Spectrum Energy, Cariacica, 331,7 MW, gás natural; Usina Termelétrica Cacimbaes, Spectrum Energy, Linhars, 126,6 MW, gás natural; Usina Termelétrica Cariacica, Cariacica, 168 MW, gás natural; Usina Termelétrica Cariacica I – MPE Montagem e Projeto, Cariacica, 156 MW, gás natural.
Usina Termelétrica Cariacica II – MPE Montagem e Projeto, Cariacica, 148 MW, óleo; Usina Termelétrica Norte Capixaba – EDP Energias do Brasil, Linhares, 501,2 MW, gás natural, 28 MW; Usina Termelétrica Vila Velha – WARTSILÃ Brasil Ltda, Vila Velha, 175 MW, óleo OCB1 e gás Natural.
Usina Termelétrica Comon, Nova Venécia, 340 MW óleo 30; UTE Araucária, Nova Venécia, 350 MW, gás natural; UTE Joinville, Nova Venécia, 350 MW, gás natural; e, Usina Termelétrica Serra – 01, Cepemar, Serra, 330 MW, gás natural; Usina Termelétrica de Itapemirim – Cepemar, Itapemirim, 330 MW, gás natural; Usina Termelétrica Cariacica – Sagri EMPREEND. E PART. LT, Cariacica, 148 MW, óleo OC1B; Holdenn Construções Assessoria e Consultoria Ltda, Cachoeiro de Itapemirim, 611 MW, gás natural.
(Flavia Bernardes,
Século Diário, 10/02/2009)