O governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), está convencido de que "nenhum projeto de sustentabilidade é possível sem a participação da iniciativa privada". Também tem certeza de que um dos maiores ativos do Estado que administra, a floresta amazônica, "só será salva quando a árvore em pé tiver valor econômico". Por isso, aposta firme nas parcerias com empresas para garantir o trabalho da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), que tem o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável em unidades de conservação do Estado.
Na sexta-feira, Braga comemorou a doação de R$ 20 milhões feita pela Coca-Cola Brasil ao Bolsa Floresta, principal mecanismo da fundação para estimular a preservação por meio de programas de auxílio às famílias, associações e iniciativas para geração de renda.
Em resposta ao brinde proposto pelo presidente da FAS, o ex-ministro Luiz Fernando Furlan, levantou uma taça de Coca-Cola e saudou os empresários e políticos que ocupavam os quarenta lugares da mesa circular de mármore que domina uma das salas do Centro Cultural dos Povos da Amazônia.
"A visão do FAS se casa perfeitamente com nossa plataforma de meio ambiente. E a participação nesta iniciativa foi inspirada pelo governo do Estado o Amazonas", discursou o presidente da Coca-Cola no país, o mexicano Xiemar Zarazúa. "Não adianta querer mudar a realidade sozinho. É preciso estar junto. O Amazonas é grande, o problema é grande", declarou Marco Simões, vice-presidente de comunicação e sustentabilidade da empresa, alinhado com o tom de valorização das parcerias.
Até dezembro de 2008, o Bolsa Floresta beneficiou 4,5 mil famílias. Cada participante recebe R$ 50 mensais e, além de participar de cursos de capacitação, compromete-se em manter a floresta em pé.
Como os recursos recebidos pela FAS são destinados a um fundo que gera os rendimentos para os programas, Furlan enfatizou a boa administração dos recursos feita pelo Bradesco, a primeira instituição privada a aderir ao FAS com um aporte de R$ 20 milhões em 2007 e o compromisso de contribuir com R$ 10 milhões ao ano por cinco anos.
O governador também não esqueceu o primeiro parceiro do programa. Propôs que os 85 mil funcionários públicos amazonenses fosse estimulados a optar pelo cartão FAS, em que 50% dos R$ 60 cobrados como anuidade são destinados à fundação. Sugeriu ainda que houvesse débito automático em folha de pagamento. "Nada melhor que um cartão com risco zero de inadimplência."
Furlan deu a ideia de estabelecer uma meta: 100 mil cartões até julho. E o governador aproveitou para complementá-la: 200 mil até dezembro. O Estado tem uma folha mensal de R$ 170 milhões, administrada pelo Bradesco com exclusividade até 2011.
Em comparação com uma experiência similar, o cartão SOS Mata Atlântica, que movimentou R$ 30 milhões em dez anos, o cenário é promissor. "O SOS é uma ação direta que tem certo apelo, mas o apelo do FAS é maior", disse Domingos Figueiredo Abreu, diretor-executivo do Bradesco. A venda de 300 mil cartões poderia quase garantir o compromisso de contribuir anualmente com R$ 10 milhões.
O Grupo Marriott, que segundo o governador contribuiu com U$ 2 milhões para compensar suas emissões de carbono, também vai ajudar a captar recursos para o FAS pelo seu site. As páginas dos hotéis da rede oferecem, desde sexta-feira, uma opção de os hóspedes contribuírem com um dólar a cada estadia com apenas um clique.
(Por Célia Rosemblum, Valor Econômico, 09/02/2009)