No dia 28 de janeiro foi encerrado o Fórum Social Mundial, em Belém. No mesmo dia teve início o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Durante este período o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que vai rever as emissões de gases no país e também telefonou para o presidente Lula, agendando um encontro para o próximo mês.
AmbienteBrasil conversou com o Especialista em Economia Internacional e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) , Rafael Vieria, e ele fez uma análise sobre as tendências e a importância deste momento para o meio ambiente.
Na semana passada o presidente dos EUA Barack Obama mostrou-se disposto a rever as "barreiras" ambientais impostas anteriormente pelo país. O senhor acredita que com este aliado o meio ambiente pode sair ganhando?As pretensões do Governo Obama para “questão ambiental” e a participação dos Estados Unidos no esforço mundial para a minimização do Aquecimento Global são apresentadas, fortemente, desde a corrida para a Casa Branca com apoio expressivo dos norte-americanos. Sim, acredito que o Meio Ambiente tem, agora, nos Estados Unidos, um aliado que admite implementar e ampliar as atitudes do Governo para redução dos impactos ambientais locais e um igual esforço conjunto para os impactos globais.
Obama ligou para o presidente Lula e um encontro entre os presidentes foi agendado. O senhor acredita que depois do anúncio de que os carros americanos deverão diminuir as emissões, o mercado brasiliero de etanol pode se expandir para os EUA?O cenário norte-americano para as emissões de gases de efeito estufa (GEE) não é dos melhores quanto ao controle. Admitindo que haverá, no Governo Obama, uma atenção maior ao setor produtivo de combustíveis e a produção e aquisição de combustíveis “mais limpos”, sim acredito, pois o mercado brasileiro, pelo seu potencial produtivo de cana-de-açúcar (etanol, etc.), pode estreitar relações de comércio neste setor e potencializar sua participação no mercado norte-americano, haja vista a proposta de oferta de etanol a partir de 2012, do Governo Lula para o então, Governo Bush em 2007.
A crise econômica ameaça empregos e a economia do mundo todo. O senhor acredita que o meio ambiente pode ser ameaçado também (ainda mais), em nome do consumo para "segurar" a economia?A crise econômica recente possui inegável efeito sistêmico, isto, reflete como um “efeito dominó”, tangendo a todos os setores produtivos um a um. Todavia, não acredito que o meio ambiente seja “ainda mais” sacrificado, pois a crise se dá também por uma condição de redução de demanda por bens e serviços, o que proporciona redução da produção, diminui as atividades de produção de estoque de madeira, estabelece cautela na produção dos setores energo-intensivos (Hidrelétrica, petrolífero, gasífero, etc.), e assim por diante. O “mercado verde” (exploração, produção, comércio e serviços) pode ser afetado, porém não de forma mais aguda.
Uma das principais discussões no Fórum Social Mundial foi a Amazônia, principalmente devido à realização do encontro no território amazônico. Uma das grandes questões que envolvem a região é a propriedade sobre os recursos oferecidos pela floresta. O senhor acredita que o encontro mundial pode ter aberto um espaço importante para essa discussão? A questão da Amazônia é um melindre internacional. Ora por necessidade de manutenção da soberania nacional (Brasil e o mundo) ora por intervenções internacionais para domínio da biodiversidade local. Sim, o Fórum Social Mundial apresentou, creio, propositadamente, a Amazônia como o espaço para tais discussões, com o objetivo de desvelar realidades e propor ações fiscalizadoras e de base técnico-ambiental. Certamente, o Fórum admitiu uma visão crítica sobre a “questão amazônica” (importância e significância) para seus participantes do Brasil e no Mundo.
(Por Danielle Jordan,
AmbienteBrasil, 09/02/2009)