Depois de a maioria dos parlamentares europeus ter se posicionado, nesta semana, contra a meta de reduzir a produção de energia atômica na comunidade, reacendeu na Alemanha o debate sobre a questão.
Diante da recente crise do fornecimento de gás, os parlamentares da União Europeia argumentam que o abastecimento da Europa deverá ser garantido pela manutenção da fonte nuclear no mix energético. Além disso, a Comissão Europeia deverá formular uma concepção para investimentos nesta fonte de energia.
O debate na Alemanha também foi impulsionado pelo anúncio de que a Suécia pretende construir novas usinas nucleares. A França já fez essa opção há muito tempo.
Acompanhar a tendência europeia
Nos últimos dias, políticos democrata-cristãos e liberais voltaram a criticar a meta política alemã de acabar, a médio prazo, com a produção de energia atômica no país, um compromisso previsto no contrato da atual coalizão de governo, por exigência dos social-democratas.
O ministro da Economia, Michael Glos, vai consultar os quatro principais produtores desta fonte de energia no país, a fim de esclarecer quais concessões eles estariam dispostos a fazer, caso obtenham autorização para prolongar o prazo de funcionamento de suas usinas.
O principal argumento dos políticos é que a Alemanha não pode ficar atrás dos outros países europeus dispostos a ampliar a produção de energia nuclear. O democrata-cristão Axel Fischer alerta: "Após as decisões da Suécia, Finlândia, França e Reino Unido, também devemos voltar a refletir sobre a construção de novas usinas na Alemanha".
O vice-presidente do Partido Liberal, Andreas Pinkwart, sugere que se negocie com os operadores de usinas a prorrogação do seu prazo de funcionamento. Os lucros poderiam ser destinados a uma fundação federal de pesquisa da tecnologia nuclear. Se houver progressos, o político liberal considera viável a construção de reatores de quarta geração.
Metas ambientais x interesses do setor
O ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel (SPD), continua defendendo o fim gradativo da produção de energia atômica no país. "A conversa sobre o renascimento da energia nuclear não passa de propaganda. Em todo o mundo, é maior o número de reatores desativados do que construídos". Além disso, o ministro lembra que a Alemanha ainda não dispõe de um depósito definitivo para lixo atômico.
Para o verde Cem Özdemir, a proteção do clima e a redução dos preços de energia não são as metas que norteiam a discussão sobre a prorrogação do prazo de funcionamento das usinas atômicas. "O que se quer com isso é que as usinas antigas, verdadeiras máquinas de fazer dinheiro para empresas como a Vatenffall, continuem funcionando por mais tempo."
Prazo maior de 60 anos para as usinas
O setor de energia prevê uma vantagem de 250 bilhões de euros para a economia alemã, caso os 17 reatores em funcionamento no país não sejam desativados em 32 anos, como planejado, mas sim em 60 anos, segundo padrões internacionais.
Quase 30 anos após a decisão de reduzir a produção de energia atômica, o governo sueco pretende retomar a construção de novos reatores. A coalizão de centro-direita do premiê Frederik Reinfeldt argumenta que a novas usinas são necessárias para ajudar o combate à mudança do clima e cobrir a demanda energética da Suécia. Os planos do governo em Estocolmo ainda serão submetidos ao Parlamento.
(Deutsche Welle, 08/02/2009)