O Ministério das Minas e Energia informou nesta sexta-feira que está mantido o plano de realizar leilões em junho para licitar a construção de usinas nucleares.
Inicialmente, serão duas unidades no Nordeste e duas no Sudeste brasileiro. Até o momento, apenas o Estado da Bahia se candidatou para receber uma das instalações nucleares.
As informações foram divulgadas em uma sessão em Brasília para discutir o PDE (Plano Decenal de Energia), que reúne metas de investimento para a expansão do setor nos próximos anos.
Estão inclusos no plano desde trabalhos para a extração de petróleo do pré-sal a leilões para usinas termelétricas, entre outros projetos, em busca da diversificação da captação de energia.
No caso das grandes reservas de petróleo do pré-sal, o ministro Edison Lobão afirmou que não vê motivo para pressa na definição do que fazer com os bilhões de barris de óleo existentes na região, agora que os preços caíram a níveis que colocam em dúvida a viabilidade dos caros projetos na área.
Segundo o ministro, a extração em grande escala de óleo começará efetivamente apenas em quatro ou cinco anos e que, por conta disso, o preço atual do barril não serve de impedimento ou prejudica a exploração da bacia.
"Os preços se estabilizarão ainda este ano num patamar que seja realista", disse o ministro.
Executivos da Petrobras afirmaram em outras oportunidades que os patamares atuais do petróleo não inviabilizam a exploração. A BP (British Petroleum), no entanto, divulgou nesta semana opinião de que o pré-sal só seria viável com o barril cotado a pelo menos 60 dólares.
Recuperar confiança
Lobão voltou a opinar que não espera que a crise global afete os investimentos no setor energético brasileiro, mesmo com a possibilidade de crescimento menor do PIB do país.
Para o ministro, é preciso recuperar a confiança dos empreendedores e do sistema financeiro em geral para se manter os investimentos, o que se somará aos recursos que o governo pretende colocar no setor.
"Temos razões suficientes para acreditar no êxito de todos os investimentos planejados", disse o ministro.
Na última semana, foram anunciados no balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) recursos na ordem de 250 bilhões de reais, sendo que metade disto irá para o setor energético.
Recentemente foi anunciado um corte de 37,2 bilhões de reais no orçamento do governo por conta da crise que já afeta o setor produtivo e faz decrescer o número de postos de trabalho.
Segundo o ministro, no cenário de referência do Plano Decenal de Expansão de Energia 2008-2017, a taxa de crescimento do PIB brasileiro foi estimada, em média, em 4,9 por cento anualmente.
"Evidentemente, a crise econômica que afeta os mercados mundiais conduz a uma reversão nessas previsões, o que será contemplado na revisão anual do PDE", admitiu o ministro.
Para o FMI a estimativa de crescimento do país é de 1,8 por cento este ano e 3,5 por cento em 2010.
Reuters,
Gazeta do Povo, 06/02/2009