Os grandes incêndios florestais que atingem os Estados australianos de Victoria e Nova Gales do Sul desde este sábado (07/02) já mataram 84 pessoas, informou a polícia local. Trata-se de um recorde na história da Austrália que, embora enfrente incêndios florestais todos os anos, vê a situação se agravar devido à pior onda de calor em um século.
Neste sábado, Melbourne --segunda maior cidade do país e capital do Estado de Victoria-- teve o dia mais quente de sua história, em meses de fevereiro, com termômetros chegando a 46,4ºC, às 12h. "O inferno em toda sua fúria atingiram as pessoas de Victoria", afirmou o primeiro-ministro do país, Kevin Rudd, em visita a áreas atingidas.
Conforme a polícia, o grande número de mortos ainda deve aumentar porque as buscas nos escombros ainda estão ocorrendo e porque aproximadamente 20 das 80 pessoas internadas com queimaduras estão em estado grave.
Cerca de 700 imóveis foram completamente destruídos pelas chamas em várias localidades rurais, principalmente a norte de Melbourne. No total, cerca de 3.000 bombeiros atuam no combate às chamas, e o Exército está de sobreaviso. "As chamas são muito rápidas, muito violentas e muito ferozes", afirmou o chefe adjunto de polícia de Victoria, Kieren Walshe. "[O fogo] passou como um tiro", disse Darren Webb-Johnson, morador da pequena cidade rural de Kinglake, às Sky TV. "80% da cidade foi consumida."
Há, atualmente, mais de 50 focos de incêndio em Victoria, Nova Gales do Sul e em territórios de Canberra. "[A emergência] não acaba antes de uma chuva, e não há nenhuma previsão confiável de chuva para os próximos dias", disse o governador de Victoria, John Brumby.
O governo diz haver suspeitas de que os incêndios tenham sido criminosos.
Os sobreviventes afirmaram à mídia local que viram uma espessa nuvem de cinzas se espalhar pelo céu, escondendo o sol e deixando passar apenas uma luz alaranjada. "Isso vai parecer Hiroshima. Será como depois de uma bomba atômica. Há animais mortos por toda a parte", afirmou Chris Harvey, que vive perto de Kinglake, uma das cidades mais afetadas.
O governo já liberou o uso de 10 milhões de dólares australianos (R$ 15 milhões) para o socorro das vítimas.
Incêndios florestais ocorrem anualmente na Austrália mas, desta vez, a combinação do clima seco e da secura da vegetação agravaram o problema, provocando uma pressão para que o governo apresse a aprovação de medidas contra mudanças climáticas.
(Folha online, com France Presse, Reuters e Associated Press,08/02/2009)