O setor de energia no país vai necessitar investimentos de R$ 767 bilhões, no período entre 2008 e 2017, para a expansão da infraestrutura e o atendimento ao crescimento do mercado consumidor nacional, segundo projeções da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Do valor total a ser investido, 70% serão aplicados no setor de petróleo e gás natural, no montante de R$ 536 bilhões. O setor elétrico vai demandar cerca de R$ 181 bilhões (R$ 142 bilhões em geração e R$ 39 bilhões em transmissão), enquanto os recursos necessários para o aumento da oferta de biocombustíveis líquidos somam R$ 50 bilhões.
O levantamento consta do Plano Decenal de Expansão de Energia 2008-2017, apresentado nesta sexta-feira, pelo presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim.
Conforme a EPE, os estudos "incorporaram parcialmente os efeitos da crise financeira mundial, já que à época em que foram elaborados (meados de 2008), persistiam dúvidas em relação à extensão e à gravidade do seu impacto sobre a economia brasileira".
A taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foi considerada no nível de 5% ao ano ao longo do decênio, com exceção de uma queda para 4% de crescimento em 2009.
Em energia elétrica, a EPE prevê uma adição de cerca de 54.000 MW de capacidade instalada no país. Desta nova oferta, 16.000 MW correspondem a empreendimentos de geração já contratados. Dos 38.000 MW ainda a contratar, apenas 900 MW, ou 2,5%, são de termelétricas a combustíveis fósseis. Desta forma, em 2017, o parque de geração de energia elétrica terá aproximadamente 155.000 MW de potência instalada, 80% dos quais de fontes renováveis.
Quanto às projeções para o mercado de petróleo, o estudo prevê "um novo papel para o Brasil" no mundo. "O país passará à condição de exportador líquido de petróleo e derivados, em função do desenvolvimento da produção em campos já descobertos e dos investimentos no parque de refino."
A produção de petróleo deverá aumentar significativamente no período, dos atuais 1,85 milhão de barris por dia (bpd) em 2008 para uma produção acima de 3 milhões de bpd em 2017, mantendo a autossuficiência na relação entre produção e consumo, condição conquistada em 2007".
Álcool
Para o álcool, a EPE projeta crescimento de 150% da demanda no país nos próximos dez anos, passando de 25,5 bilhões de litros em 2008 para 63,9 bilhões de litros em 2017. A expansão deve ser sustentada pela utilização do combustível no setor automotivo, com o álcool representando, em 2017, cerca de 80% do volume total de combustíveis líquidos consumidos nos veículos leves que não usam diesel.
A demanda de álcool combustível deverá saltar de 20,3 bilhões de litros para 53,2 bilhões de litros no período. "Quanto às perspectivas de exportação desse combustível, o Brasil continuará aumentando suas vendas externas, atingindo o montante de 8,3 bilhões de litros em 2017 contra os cerca de 5 bilhões observados em 2008 --consolidando-se como o
maior exportador de álcool do mundo", informou o estudo.
(Folha online, 06/02/2009)