Atos corriqueiros --como beber uma xícara de chá, tomar uma ducha, comer um bife-- são colocados em questão pelos cientistas, que estudam novos sistemas de medida, nada menos que o dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases responsáveis pelo aquecimento do planeta.
"É urgente que as pessoas comecem a agir. Se dissermos que é preciso esperar até o sistema estar pronto, talvez seja muito tarde", opina Hugo Kimber, que dirige o The Carbon Consultancy, com sede no Reino Unido.
Jornal britânico "Times" relacionou Google a grandes emissões de gás carbônico; empresa rebateu dizendo que pesquisa emite 0,2 g.
O critério para analisar nossa vida cotidiana, expressado em gramas equivalentes de carbono (unidade que inclui todos os gases que provocam o efeito estufa), apresenta, no entanto, problemas de metodologia. A cada dia aparecem novos estudos a respeito --alguns confiáveis e outros, extravagantes.
Navegação poluída
A última polêmica a este respeito diz respeito ao impacto no meio ambiente provocado pela consulta na internet.
Ao contrário do que se pode pensar, multiplicar as consultas na internet está longe de ser insignificante quanto às emissões de carbono.
O jornal britânico "Times" iniciou a controvérsia quando, em um artigo publicado no mês passado, afirmou que duas consultas ao Google geravam, em média, tanto dióxido de carbono quanto a fervura de uma chaleira, ou seja, sete gramas de CO2 por consulta...ou por chaleira.
O Google reagiu imediatamente, alegando que, segundo os cálculos da empresa, cada visita a seu portal produziria apenas 0,2 grama de CO2.
Alex Wissner-Gross, pesquisador de Harvard, e que era citado no artigo, negou ter divulgado uma quantia específica sobre o Google, ao afirmar que seus trabalhos se referiam ao conjunto da internet, com uma média de 20 mg de emissões de CO2 por cada segundo on-line.
"Porém, esta média não dá muitas informações, já que é preciso considerar outras variáveis como a localização dos clientes e dos operadores, assim como o material utilizado."
Para permitir uma análise personalizado do impacto em carbono de um portal na internet, e tentar reduzir o mesmo, o engenheiro criou uma ferramenta chamada CO2stats.
As tentativas e polêmicas, no entanto, não devem tirar de foco o principal objetivo dos novos cálculos: oferecer um elemento de comparação para orientar as condutas a um modo de vida que reduza as emissões de C02.
"Pela primeira vez na história, nossa civilização começa a medir o impacto ambiental de maneira séria, completa e detalhada. Um certa hesitação é provavelmente inevitável", afirmou Wissner-Gross.
(Folha online, com AFP, 06/02/2009)