As explorações agrícolas e vinhas da Califórnia arriscam-se a desaparecer até ao final do século e as suas maiores cidades podem estar em perigo se os americanos não agirem para travar o aquecimento global, alertou Steven Chu, secretário americano para a Energia, ao “Los Angeles Times”, na sua primeira entrevista desde que assumiu funções no mês passado. Hillary Clinton prepara-se para ir à China tentar um acordo sobre redução de emissões.
O físico e Prémio Nobel testemunhou, em 30 minutos de entrevista, até que ponto a administração Obama está disposta a ir no dossier das alterações climáticas. Chu alertou para a falta de água potável na costa Oeste, no Norte do “Midwest” e especialmente na Califórnia, o maior produtor agrícola americano.
“Penso que o povo americano ainda não compreendeu bem o que poderá acontecer”, disse Steven Chu ao jornal. “Estamos a olhar para um cenário onde vai deixar de existir agricultura na Califórnia”.
Segundo o físico, a educação ambiental é um elemento crucial na estratégia da administração Obama para combater as alterações climáticas, assim como os milhões de dólares a investir em energias alternativas e infra-estruturas, a aposta nas renováveis e uma legislação de tectos e comércio de emissões de gases com efeito de estufa.
Os ambientalistas interpretaram estas declarações como uma mudança radical em relação à administração Bush que minimizou os riscos das alterações climáticas.
“É uma lufada de ar fresco, para dizer o menos”, comentou Bernardette Del Chiaro, da organização Environment Califórnia. “Há anos, mesmo décadas, que estamos preocupados com os impactos das alterações climáticas. Ele está coberto de razão: a Califórnia tem muito a perder”.
Outra prova da boa vontade norte-americana é o facto de a primeira viagem ao estrangeiro da secretária de Estado Hillary Clinton incluir uma visita à China, onde as alterações climáticas e a energia estarão no topo da agenda, noticia hoje o “The New York Times”.
Todd Stern, o enviado especial americano para as alterações climáticas, vai acompanhar Clinton à China e tentar resolver o conflito entre as duas potências sobre quem fará o quê primeiro. Se Washington já se comprometeu a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa, a China diz-se preocupada com o clima mas não está disposta a ir por esse caminho. Pequim prefere investir em energias alternativas e na eficiência energética.
A posição chinesa, o maior emissor mundial de dióxido de carbono, poderá ser um obstáculo à aprovação de um sucessor para o Protocolo de Quioto, no final do ano em Copenhaga. Stern vai tentar criar o apoio politico e a cooperação entre estes dois países para a redução das emissões.
Hoje, a agência France Press citou o enviado da União Europeia em Washington, John Bruton, segundo o qual os Estados Unidos e a União Europeia deverão rejeitar qualquer acordo climático que não abranja a China.
(Por Helena Geraldes, Publico.pt, 05/02/2009)