A assinatura do contrato de venda para a Copel da energia produzida pelos agricultores e pecuaristas do Oeste do Estado, a partir de biogás gerado por dejetos da atividade agropecuária, e pela Sanepar, gerado pelo tratamento de esgoto urbano, será nesta terça-feira, às 15h, na sede da Copel, em Curitiba. A iniciativa, inédita no país, é resultado de um trabalho conjunto desenvolvido pela Copel, Sanepar e Itaipu Binacional. O diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, disse que, para os produtores, a venda de energia representará uma nova fonte de renda, embora para a Copel o volume a ser adquirido tenha pouca expressão no total de energia que a empresa comercializa.
A companhia de saneamento e os produtores (representantes da Cooperativa Lar, Granja Colombari e Fazenda Star Milk) responderam à Chamada Pública 05/08, edital publicado pela Copel no final do ano passado. É a primeira vez que uma concessionária de energia no país contrata esse tipo de fornecimento de energia, denominado geração distribuída, modalidade que foi criada por decreto presidencial em julho de 2004 e posteriormente regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No entanto, faltava definir padrões de operação, que só foram alcançados a partir de testes promovidos em uma iniciativa conjunta da Itaipu Binacional, Copel e Sanepar, no Oeste do Paraná.
Exatamente por terem participado desses testes e do desenvolvimento de um painel de controle de cargas (que permite enviar para a rede pública o excedente de eletricidade gerado) é que esses produtores e a Sanepar estavam aptos a responder ao edital da Copel.
“A assinatura desse contrato coroa um trabalho de dois anos em que a Itaipu atuou de forma coordenada com duas empresas estatais do Paraná para o desenvolvimento dessa nova modalidade de geração de energia, que pode representar pouco em termos de potência acrescentada ao sistema, mas que significa muito em termos econômicos para os produtores rurais”, afirma o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek.
Para se ter uma idéia do potencial de geração, a Granja Colombari (foto), que foi o primeiro dos seis protótipos a entrar em operação, produz 384 kilowatts/hora por dia, a partir dos dejetos de 3 mil suínos. A expectativa é vender, em média, um terço dessa carga para a Copel. Estudos inicias sobre a rentabilidade do negócio indicam que a comercialização de energia deverá proporcionar uma receita mensal entre R$ 600 até R$ 1.000. Além de Colombari, de São Miguel do Iguaçu, responderam ao edital três unidades da Cooperativa Lar (produção de suínos, criação de aves e frigorífico de aves), a Fazenda Star Milk (produção leiteira) e Estação de Tratamento Ouro Verde, de Foz do Iguaçu.
O superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley, explica que a contratação desse tipo de geração energética representa uma ruptura de paradigma no setor elétrico brasileiro, que sempre foi planejado com base em grandes empreendimentos.
“Essa estrutura fica preservada e grandes usinas continuarão a ser planejadas e construídas, mas se inaugura uma fase em que se demonstra a viabilidade técnica, econômica e ambiental da geração abaixo de 1 megawatt. E a somatória de muitos pequenos produtores é bastante interessante do ponto de vista energético, especialmente hoje em dia, em que as mudanças climáticas impõem a necessidade de desenvolver cada vez mais as fontes renováveis de energia”, garante.
(Carbono Brasil, 05/02/2009)