A ampliação da coleta seletiva em Porto Alegre é uma das principais metas do diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Mário Moncks para 2009. Ele quer estender a oferta do serviço duas vezes por semana a toda a cidade - hoje, apenas 11 bairros desfrutam do benefício, nos demais os caminhões que recolhem o lixo reciclável passam apenas uma vez por semana. A meta é iniciar a mudança a partir da segunda metade de março, quando 28 novos caminhões entram em operação. Nesta entrevista, que dá sequência à série do Jornal do Comércio com os integrantes do primeiro escalão da prefeitura de Porto Alegre, Moncks informa que utilizará parte do orçamento de R$ 112 milhões para este ano em projetos que dão destino a resíduos especiais, como óleo, pilhas e caliça.
Jornal do Comércio - Quais os seus principais objetivos para essa gestão?Mário Moncks - Agregadas à limpeza urbana, temos outras atribuições legais que começamos a fazer, como a revitalização dos doze maiores viadutos de Porto Alegre com tinta antipichação. Vamos iniciar o oitavo viaduto. Mas, nesse tempo, sete já foram pichados. Também iniciamos a instalação de 8 mil lixeiras. Já instalamos 5,2 mil desde o ano passado. Outra meta para esse ano é a coleta seletiva. Apesar de já contarmos há 18 anos com o serviço, os caminhões ficaram obsoletos. Fizemos uma licitação e contratamos uma empresa que terceirizará o serviço com 28 caminhões zero-quilômetro. Hoje, nossa coleta seletiva atende duas vezes por semana a somente onze bairros. O novo trabalho, que se inicia na segunda quinzena de março, vai atender a toda a cidade.
Com essa medida, em quanto deve aumentar o volume de lixo reciclável recolhido pela prefeitura?Coletamos diariamente 1,2 mil toneladas de lixo orgânico. A coleta seletiva recolhe 60 toneladas por dia. A partir da segunda quinzena de março, a capacidade operacional vai melhorar e a previsão é de recolher 100 toneladas por dia. Hoje, o material recolhido é levado a 16 unidades de triagem em associações comunitárias e cooperativas. Outra meta para esse ano é a instalação de, no mínimo, 16 Ecopontos, locais que receberão não só lixo seco, pilhas, óleo, mas basicamente caliça e galhos, o grande problema do lixo na via púbica. Esses Ecopontos funcionarão em terrenos cedidos ao DMLU por dez anos e isentam o proprietário de pagar as taxas do município.
JC - Como os resíduos especiais, como pilhas e lâmpadas, são tratados?
Moncks - Através da Smam (Secretaria Municipal do Meio Ambiente), buscamos uma solução que é o Papa-Pilhas. De janeiro de 2007 a dezembro de 2008, 29,5 toneladas de pilhas e baterias de celulares foram recolhidas. Já para as lâmpadas fluorescentes, temos a ideia de dar um destino adequado este ano. Existe uma lei que diz que o fabricante é obrigado a receber os resíduos. Locais que vendem essas lâmpadas já recebem de volta as queimadas, assim como nossas capatazias e a Smam. Damos destino ao fabricante, que realiza a descontaminação, e, então, encaminha ao aterro.
E o óleo de cozinha?Um litro de óleo contamina 1 milhão de litros de água. Estamos recolhendo 2 mil litros de óleo por mês. Então, há um ano e meio criamos os Peofs (Postos de Entrega de Óleos de Fritura). Hoje, estamos com 118 locais de coleta de óleo de fritura.
O departamento sofreu uma série de denúncias na primeira gestão de José Fogaça. Como o senhor avalia esse quadro hoje?O ônus para dar um destino adequado e correto para o lixo é caríssimo. Se fala em máfia do lixo em todo o Brasil. Fizemos sete processos licitatórios envolvendo milhões de reais e, felizmente, na minha gestão não houve nenhuma liminar contestando qualquer dessas licitações. Temos todos os contratos em vigor e não surgiu nenhuma denúncia a partir da minha posse (em agosto de 2006).
Para o senhor, o orçamento do DMLU está de bom tamanho?O orçamento para este ano é de R$ 112 milhões. Estou satisfeito, porque foi o que pedimos. Houve uma série de contenções de despesa pela prefeitura. Mas não tivemos nenhum corte. Estamos com medidas na contenção de despesas com horas extras, luz e telefone.
Qual é o destino do lixo orgânico de Porto Alegre?As 1,2 mil toneladas diárias vão para a estação de transbordo na Lomba do Pinheiro e, de lá, ao aterro da empresa SIL, em Minas do Leão.
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Jornal do Comércio, 05/02/2009)