A notícia veiculada pela agência Reuters dá conta de cheias em 17 rios e aponta que pelo menos 62 por cento do milhão de metros quadrados que compõe o segundo maior estado da Austrália estão já sob o estatuto de catástrofe natural. Milhares de casas já foram afectadas e os prejuízos já ascendem aos 11 milhões dólares australianos (cerca de 54,5 milhões de euros).
Pessoas e cães sob ameaça
Na cidade costeira de Ingham, são quase três mil as casas afectadas e a água subiu aos 8,9 metros obrigando os habitantes a deslocarem-se de barco. No Golfo da Carpentaria, o rio Herbert subiu aos 12,25 metros. A imprensa local relata a presença de crocodilos «enormes» no centro de algumas cidades do golfo, que têm impedido os esforços de auxílio às populações, pois tem sido detectado um «grande» número destes répteis a nadar no rio Norman.
Normanton tem sofrido bem de perto a inundação deste rio que tem 60 quilómetros de uma margem à outra na foz. A cidade está isolada há quatro semanas e tem sido abastecida por barcaças. E a falta de cerveja referida por Donna Smith acaba por não ser o maior problema para a gerente do Hotel Albion. O relato recolhido pela Reuters na imprensa local dá conta de um crocodilo de quatro metros que ameaçou pessoas e cães na inundada rua principal.
Mais chuva no horizonte
Em Ingham, David Harkin já decidiu deixar a sua casa de dois pisos depois de o rés-do-chão ter começado a ser inundado e ter visto vários répteis mais esguios nas imediações. «Mantenho a vassoura aqui [na porta da frente] para afastar as cobras», relatou.
As cheias na Austrália começaram em Dezembro passado alimentadas por muitas chuvas e um ciclone. E receia-se que uma depressão perto da costa se torne outro ciclone trazendo mais chuva; quando mais a sul, a seca continua a afectar a região do rio Murray-Darling e as reservas de água se mantêm perto dos níveis recorde mais baixos.
(Diario, 04/02/2009)