Desafiando o aquecimento global, que derrete a maioria das geleiras do mundo, o gigantesco glaciar Perito Moreno, no sul da Argentina, cresce com força. O "gigante branco", como é conhecido, ganha até três metros por dia em algumas partes, alimentando pelas intensas nevascas patagônicas.
"Os glaciares não respondem exclusivamente às mudanças de temperaturas", disse Martin Stuefer, especialista em Patagônia na Universidade do Alasca, em Fairbanks. Ele disse que aparentemente as nevascas aumentaram por causa das recentes mudanças climáticas, combinadas com ventos fortes e frios. "A mudança climática não é igual em todos os lados", disse o especialista por telefone.
Perito Moreno, com 30 quilômetros e comprimento e localizada 3.000 quilômetros ao sul de Buenos Aires, é uma das maiores geleiras sul-americanas, e de longe a mais famosa, por ser muito acessível a turistas. Os visitantes se aglomeram em botes e plataformas para ver como enormes blocos de tons azuis se desprendem da geleira sobre o lago Argentino.
Cientistas estimam que 90 por cento das geleiras da Antártida e da Patagônia estejam se derretendo rapidamente. O mesmo ocorre nos Andes, nos Alpes, no Himalaia e em outras partes, como consequência da mudança climática provocada principalmente pela atividade humana. O ritmo médio do degelo dos glaciares de montanha se duplicou desde 2000, segundo recentes relatórios do Programa de Meio Ambiente da ONU e do Serviço Mundial de Monitoramento de Glaciares.
O degelo dos glaciares ameaça elevar o nível do mar e secar fontes de água doce importantes para populações humanas, geração de energia e agropecuária. Mas as geleiras também são afetadas por outros fatores, como nevascas, ventos, altura e forma.
(Por Laura MacInnis, Reuters, Abril, 04/02/2009)