Desmatamento atinge reserva ambiental de floresta em Caxias do SulAs florestas de Mata Atlântica de Caxias do Sul, protegidas por lei como patrimônio verde de preservação permanente, têm sofrido com o desmatamento. Clareiras são abertas em encostas e terrenos de difícil acesso por terra para o plantio de espécies exóticas, como pinus e acácia.
Em outros pontos, áreas virgens viram pequenas roças. Pela maneira como agem, os infratores parecem conhecer a lei de crimes ambientais, apesar de transgredi-la. A floresta é destruída aos poucos, um a dois hectares por vez.
No entorno de áreas destruídas, a vegetação nativa é mantida, o que dificulta a atuação dos fiscais se as blitze forem feitas por terra.
– Não tem explicação essa mancha de destruição. É uma região de mata nativa e intocável – analisa Jaime Luiz Lovatel, engenheiro agrônomo e professor dos cursos de Engenharia Ambiental, Biologia e Agronomia da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
A legislação ambiental proíbe o desmatamento em encostas porque, sem floresta, esses declives se tornam suscetíveis a erosão e deslizamentos, explica Arlindo Butzke, professor e diretor do Centro de Ciências Agrológicas e Biológicas da UCS. Já o impedimento de destruir a Mata Atlântica, em áreas com qualquer relevo, é pelo perigo de interferência no microclima e na integração entre flora e fauna.
– A Mata Atlântica existe na nossa região porque, em milhões de anos, encontrou condições adequadas de desenvolvimento. As árvores exóticas são importadas, não fazem parte do nosso meio ambiente – diz Butzke.
O problema é fiscalizar. A Patrulha Ambiental de Caxias do Sul (Patram), ligada à Brigada Militar (BM), conta com 18 soldados para atuar em 13 cidades. Pelo menos duas vezes por mês, uma equipe sobrevoa a região para identificar queimadas, desmatamento e poluição. Só que a área é grande demais. Além de cuidar da Mata Atlântica, em zona rural, os fiscais têm de atuar na área urbana. Em janeiro, 80 pessoas foram multadas.
– A demanda é grande, principalmente de empresas que poluem e fazem de tudo para esconder o crime – afirma o major Marcelino Seolin.
Mas a fiscalização deve aumentar. A Patrulha Ambiental de Caxias, ligada à Brigada Militar, vai intensificar a frequência de voos para flagrar crimes. Já a Secretaria de Meio Ambiente pretende aumentar de cinco para 15 o número de fiscais concursados.
A expectativa de ampliar a fiscalização existe porque, desde o mês passado, a BM reativou o comando aéreo. A patrulha pode fazer uso dos dois aviões que ficam em Caxias.
Denuncie crimes> Você tem conhecimento de algum crime cometido contra o ambiente? Então, ajude os órgãos competentes. Em Caxias, o telefone da Patram é o (54) 3217.8941.
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Zero Hora, 04/02/2009)