Numa ação direta, cerca de 30 indígenas que representavam seis etnias do Vale do Javari, situado no Estado do Amazonas, ocuparam o centro de imprensa do Fórum Social Mundial, no último sábado, e provocaram uma coletiva de imprensa com os profissionais presentes no local. A proposta foi denunciar o governo brasileiro com relação ao descaso frente a uma epidemia de hepatite que atinge os povos da região.
Os representantes dos povos Korubo, Marubo, Matis, Mayoruna, Kanamary e Kulina denunciaram a Fundação Nacional da Saúde por não ter tomado as medidas necessárias e impedir que os casos de hepatite A, B, C e Delta se alastrassem. Segundo denunciaram, mais de 80% da população adulta da terra indígena está infectada.
Ivan Matis, um dos indígenas presentes no protesto, afirmou que o assunto já foi levado para a Funasa várias vezes e que não houve resposta eficaz da Fundação. "Nós continuamos adoecendo. Além de sofrer com essa epidemia de hepatite, também temos casos de malária e outras doenças", afirmou.
Para se ter ideia da dimensão do problema, um dia antes do início do FSM2009, a hepatite levou a morte Edilson Kanamary, de 43 anos, uma das lideranças da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari. Os indígenas chegaram ao Fórum consternados e decididos a pressionar o governo para resolver a situação. "Essa coletiva de imprensa é para isso, para ver ser o governo toma alguma atitude e para o mundo todo saber da situação da saúde do nosso povo", falou Ivan.
Uma moção de apoio também circulou pelo Fórum Social Mundial, na qual os povos indígenas denunciaram e exigiram mais atuação por parte dos órgãos e instituições que administram a saúde indígena.
Situada próximo a fronteira Brasil, Peru e Colômbia, estima-se que o Vale do Javari tenha 3.700 habitantes. Com 8 milhões e meio de hectares, é a segunda maior Terra Indígena do Brasil, segundo a Unijava.
As matérias do projeto "Ações pela Vida" são produzidas com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da CF2008.
(Adital, 03/01/2009)