Ambientalistas da Fundação Siemenpuu, uma organização não governamental finlandesa, alertaram o governo Jackson Lago sobre os impactos causados pela fabricação de celulose, a monocultura do eucalipse e o caminho para o fomento florestal.
Durante encontro organizado pelo Movimento Sem Terra, MST, mediado pelo coordenador João Pedro Stédile, no fim de semana passado o representante da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, Vinnie Overbeck, apresentou uma pesquisa na qual relaciona os impactos ambientais causados pelas grandes empresas de celulose em todo o mundo, em especial na América Latina.
Segundo Overbeck, o principal é a disputa pela terra, na qual empresas internacionais vêem o Brasil como o país mais lucrativo para se produzir celulose, já que o eucalipto, espécie bastante utilizada nesta prática, cresce e se desenvolve com bastante facilidade no território brasileiro.
O ambientalista chamou atenção para as áreas que poderiam ser utilizadas para fins de reforma agrária, mas terminam indo parar nas mãos de multinacionais do papel. "Eles (empresários) utilizam as áreas onde antes eram plantadas outras culturas de pequena produção para fazerem o plantio do eucalipto. O interesse pelas terras brasileiras acaba gerando uma especulação em torno das áreas que são vendidas a preços exorbitantes", explica o ambientalista.
A organização internacional "Amigos dos Sem Terra" também participou do debate levantando a importância de se estimular o agro-extrativismo, como forma de aumentar a geração de renda dentro das comunidades rurais vitimadas pelas fábricas de celulose.
Mika Ronkko, representante da organização, relacionou ao governador outros impactos ambientais, ressaltando que além de utilizar intensivamente os recursos naturais, o processo produtivo da celulose demanda grande quantidade de água, esvaziando os reservatórios e gerando a altos volumes de efluentes.
O governador disse que a partir desse encontro com a Fundação Siemenpuu pretende iniciar uma troca de experiências que venham a contribuir para solucionar alguns problemas ambientais no Maranhão, aonde deve se instalar até 2013 uma fábrica de papel e celulose da Suzano, maior empresa brasileira em faturamento do setor.
(Por Henrique Bois, Badaueonline, 03/02/2009)